quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Doce irmão


Se meu irmão estivesse aqui, ele ia achar tudo muito feio: essa coisa dos bandidos ameaçarem a cidade toda; aterrorizarem pessoas; ocuparem nosso espaço em tantos lugares e de forma tão cruel.

Se meu irmão estivesse aqui, ele ia escrever no caderninho: "Mas isso tá certo? Por que ninguém faz nada?"

Se ele estivesse aqui, com certeza eu teria sorrido por causa de uma de suas pérolas, frente às notícias de hoje.

Se ele estivesse aqui, estaria indignado com o dinheiro que deixamos pro Governo mas que não vemos o retorno. Uma indignação que vez em quando me questionava o motivo das coisas continuarem assim... assim...

Tantas vezes lhe disse que não dependia de nós.
Tantas vezes lhe pedi que não se importasse tanto com o esgoto a céu aberto, com as crateras nas ruas, com o perigo de parar no sinal, com a violência que não me deixava chegar até ele a qualquer hora que eu quisesse...
Pedi tanto.
Expliquei tanto.
Argumentei tudo o que podia.

Mas ele tinha razão.
Não é pra ser assim.

Deus tem razão.
Não é pra ser assim.

Os homens... os homens precisam, quiçá um dia, ver que nada disso tem razão. E que a vida continua sendo o dom mais precioso que Deus nos deu.

Mas se meu irmão estivesse aqui, talvez, ele não escrevesse nada no caderninho (depois das cenas que tivesse visto hoje na tv, sobre a violência assustadora no Rio). Ele simplesmente se roeria por dentro, sentiria - milimetricamente - a sonda permanente que estava nele; se lembraria da sua impossibilidade de comer, sua árdua tarefa de respirar, sua não-boca para sorrir. Se roeria de tanta vontade de viver enquanto tantos se matam (e matam) por tão pouco. Aliás, por nada.




Nada disso ficará... nada disso valerá...
Mas eles não entendem. Eles são carentes daquilo que meu irmão tinha de sobra: a certeza do amor de Deus.

E como foi bom ver esse amor brilhar todos os dias em que o tive ao meu lado...

Irmão querido,
vc faz muita falta. Tanto que até dói. Mas como é bom saber que até te recolhendo, Deus foi tão generoso... Vc não partiu por causa de nenhum desses "sem-amor" que estão espalhados na cidade. Vc partiu porque Deus te amou primeiro.

E havendo guerra ou não, disputa de facções ou não, fogo, tiro, seja o que for, eu nunca me deixarei levar por nada disso. Por amor a mim, por amor a tudo o que vc nos ensinou. Por amor Àquele que te tem no colo - pessoalmente - agora.

Deus,
eu te amo muito. Obrigada por tudo. Ensina-nos a viver mais diante da Sua doce companhia!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Rio de Lançamento do Livro do Salomão, 11 de Abril de 2010

Rio de Lançamento do Livro do Salomão, 11 de Abril de 2010

 

Sexta passada, quando cheguei em casa, comecei a chorar. Um choro de alegria, limpo limpo... cheio de emoção pelo lançamento do livro do Salomão. Eu ainda não tinha conseguido chorar (por causa da correria). Chorar de verdade. Chorar sorrindo.
Minha mente que só me lembrava de cada momento do lançamento do livro, me fazia sorrir ou como diz uma música, fazia “a ciranda girar... me fazia descobrir que as coisas de Deus estão por fazer...”

E eu nunca experimentei algo melhor do que confiar em Deus e em tudo o que Ele pode fazer.
Quando, na terça-feira, dia 6 de abril, vi as imagens na televisão de tudo o que acontecia no Rio, fiquei sem palavras quando a repórter falou que não podíamos sair de casa. Eu só pensava “Meu Deus, e o lançamento do livro dia 8 ?! E agora?! Até quando será que vai render isso?”
A quarta-feira (dia 7) nasceu com um sol lindo e eu jurava que seria um grande dia luminoso. Que nada. Esse sol durou 1hora e ao longo do dia, choveu muito.

Se não bastasse a incerteza do tempo, a editora atrasou a entrega dos livros. Tudo o que eu e 2 grandes amigas (Edilene e Ana Eliza) havíamos acertado com a editora – ter um mínimo de antecedência na entrega, para que o próprio Salomão fosse assinando os livros aos poucos (e não se cansasse muito no dia do lançamento) – não foi cumprido. Primeiro, a editora alegou que o atraso foi por causa das chuvas (expedientes perdidos). Depois, ela prometeu entregar na quarta (véspera do lançamento) e não cumpriu.

A quinta-feira chegou – o grande dia do lançamento – e nada de livro ainda!
Eu, louca no trabalho fazendo relatórios pra uma reunião que teria no cliente, não me agüentava em tanta ansiedade por causa desses livros. Paralelo a isso tudo, muitas pessoas me escreviam e me ligavam, perguntando se realmente haveria o lançamento (estavam em dúvida por causa da chuva). Eu confirmava piamente pois o espaço estava todo reservado e preparado para a noite do Salomão! Ao mesmo tempo, meu coração apertava só de pensar o que estava acontecendo com os livros. Será que chegariam?! Meu Deus!

Levei uma sandália rasteira pro trabalho pra andar depressa na hora do almoço e almoçar bem rápido e voltar pra terminar os relatórios e seguir para a reunião no cliente.
Tentando fugir de um carro que veio bem em cima dos pedestres, acabei metendo o pé numa poça que não tinha água mas lama. E não era lama de barro, era lama cinza escuro, tipo aquelas que juntam esgoto. Pois é...

Seguindo com o pé sujo ainda sem almoçar, passou um carro correndo demais e me deu um banho de água suja (dessa vez era água parada na rua e não lama). Fiquei tão “inacreditada” que não quis nem olhar pro estrago na minha roupa. Meu Deus do Céu, era muita emoção pra uma semana só (e pra um coração só!). Graças a Deus – e até agora não sei como – a água suja não manchou a minha roupa!

Durante o almoço, recebi um torpedo da Edilene (fidelíssima à causa do livro e cheia do mais puro amor pelo Salomão) em que dizia que os livros estavam a caminho da Barra (local do lançamento). Oba! Maravilha!

Eu não sabia se eu respirava, se eu chorava, se eu ligava pra todo mundo... Só sei que eu tinha que comer e voltar correndo pra terminar o relatório e ir pra reunião.
A caminho da reunião, uma outra grande amiga (Mari) ainda me ligou, perguntando sobre caneta pro Salomão. Nossa... eu já tava zonza... Caneta pro Salomão? Ué, caneta é o de menos. Ao que ela respondeu “Ah, não... ele precisa de uma bonitona e especial. Pode deixar que eu vou comprar e levar.” Segurando pasta, bolsa, cabelo que caía na frente dos olhos quando eu abaixei a cabeça pra bloquear o celular, ainda sorri. Lembrei da minuciosidade de cada detalhe criado para o Salomão... Cada gesto cheio de amor que a Edilene, Ana Eliza, Mari e meus pais tinham pelo Salomão.

Me programando para sair às 16h da reunião – porque o Salomão estava me esperando para ajudá-lo em um monte de coisas – telefonei para chamar um táxi. A cada 30min, recebia a ligação de que o carro ia atrasar. Quando já era 17h15 (e a reunião já acabada), ainda tentei pegar táxis em vão, pois passavam sempre cheios. Ainda perguntei a um motorista se ele sabia de algum problema na Barra e ele respondeu: “Sim, há sim. Houve um atentado na Av. das Américas e está uma confusão danada lá. Já são 3 mortos.”

Sabe quando a gente pára pra se fazer ouvir de novo a frase que a gente acabou de ouvir? Nossa! Era demais pra mim... Um atentado? No Rio de Janeiro? No dia do lançamento do livro do Salomão? E tinha que ser na Barra?!!! Jesus!!!

Enfrentando a notícia, desisti do táxi e fui pro metrô do Largo do Machado (eu estava na reunião no Cosme Velho) e peguei o metrô até Ipanema. No meio do caminho, falei ao celular com a Edilene (aquela que já havia me dado a notícia de que os livros estavam a caminho na hora do almoço) mas ela me atendeu com voz de choro, dizendo que os livros não haviam sido entregues e que nem a editora sabia o motivo!!!

Pausa...

Isso realmente tava acontecendo???!!! E aí ?! Tínhamos que ter muita confiança mesmo!!! Já era 18h e o lançamento marcado para às 19h30!

Chegando de metrô em Ipanema – e não posso deixar de agradecer a Deus por esse avanço de já existir metrô até Ipanema – acabei esquecendo que eu estava sem comer desde 11h30 e corri para entrar no ônibus do metrô que ia pra Barra e não comprei nada pra comer. Feliz por não ter perdido o ônibus, quase tive um treco quando vi que eu teria que ir em pé e com fome!
Bom, mas como tudo são escolhas e a minha era de garantir o ônibus pra Barra, eu não podia sair pra comprar algo e ainda voltar e garantir o mesmo ônibus, acabei tentando relaxar – claro, na medida do possível - afinal, nada poderia ser feito.

A Av. Niemeyer (que tinham dito que só reabriria em 15 dias), por incrível que pareça, estava aberta! O ônibus passou livremente por lá. Agradeci a Deus mais uma vez!
Depois, um transitozinho em São Conrado e na Barra. Cansadérrima, com fome, frio e nervosa, rs, cheguei às 19h27 no local do lançamento do livro do Salomão! Muito – mas muito – graças a Deus!

E aí começava – mesmo que o corpo já estivesse exauuuusto – um dos dias mais especiais da minha vida (dentre tantos que passei justamente com o Salomão).

Ele muito se emocionou quando viu tantas pessoas que estavam o prestigiando... Depois, ficou empolgado e feliz pela fila de autógrafos que se formou. (fila que não cabia na loja, de tantas pessoas que estavam lá!)

Quando o amigo e cantor angolano (Abel) começou o show, fez uma homenagem linda linda linda ao Salomão, falando um pouco dele, falando do muito da sua coragem, fé e seu excelente humor! :)

Um momento i-nes-que-cí-vel ! Um dia que vai ficar marcado pra sempre no meu coração!
E quando eu pensava que já tinha visto de tudo, meu padrasto (que estava a caminho mas ficou preso mais de 1h na Linha Vermelha) me ligou dizendo que tinha acabado de ver passar um ônibus da Casa do Menor (instituição do Salomão) cheio de crianças! Aquele ônibus ia pra lá! Pro lançamento do livro do Salomão! Desliguei o celular sem palavras... Sabe quando a gente não se dá conta do tamanho de tudo de alegre que está acontecendo??!!! Meu Deus! Como agradecer por aquilo tudo??!!

Como num conto de fadas, num piscar de olhos, rapidamente chegaram as crianças. Todas embaladas no show – excelente – do Abel, numa harmonia incrível entre elas e os adultos que não paravam de cantar e bater palmas. Umas crianças dançavam como se estivessem em Angola! Outras, acompanhavam tudo com os olhos vidrados naquela noite incrível (todas sentadas em “perninhas de chinês”).

Eu não sabia se batia fotos, se filmava, se rendia a Ana Eliza no caixa, se eu lembrava de ao menos beber água, se acompanhava as crianças, aquela cena toda, o Salomão surpreendidíssimo com a fila de autógrafos que não se acabava...! Tudo bombando!!!
Até que... a noite chegou ao fim. E por mais que eu estivesse tão cansada, eu não queria que ela tivesse chegado ao fim! Tava tão bom!!! Nem festas de aniversários e viagens maravilhosas nunca me deram tanta dó de ter chegado ao fim como aquela noite do lançamento do livro do Salomão!

Meu corpo (moído) e meus pés descalços (já há muito tempo) transbordavam a alegria que eu trazia no peito.

Uma retrospectiva de novembro de 2009...
No ano passado, quando o Salomão foi internado às pressas, em 27 de novembro, com a pior hemorragia que existe, nunca ninguém poderia imaginar que ele viveria tudo o que ele viveu na noite de lançamento do seu livro em 8 de abril de 2010.
Na época dessa internação, quando eu vi aquele menino prostrado, sem cor, fraco, sem abrir o olho, sem força pra escrever nada nada... eu nunca ia supor que ele ia realizar o sonho desse livro.
Quando saí do INCA e cheguei em casa, chorei – incessantemente – triste por não ter conseguido fazer com que esse livro saísse antes de ver o Salomão daquele jeito.
No fundo, eu não conseguia acreditar que ele morreria sem ver esse dia chegar. Como era um dia de semana e eu trabalhava normalmente e ainda por cima estudava à noite (e em época de provas), me dediquei nas madrugadas para revisar tudo o que ele havia escrito. Tudo tudo tudo: escritos que não tinham capítulos, textos que se repetiam, palavras em “africanês” que precisavam de tradução, erros de digitação, concordância... tudo tudo. O que eu não agüentava de madrugada, continuava na hora do meu almoço, quando comia correndo e voltava pra mesa e botava um fone nos ouvidos (escutando A-Ha, pois se fosse música em português me distrairia, rs) e lia palavra por palavra, a-ten-ta-men-te, pedaço por pedaço daquele livro, tentando ver a coerência dos textos, as ordens dos textos, todo detalhe que precisava emendar e que estava tão solto.
Graças ao esforço da amiga Edilene que insistiu com um monte de gente do trabalho dela que sabia mexer com programas de edição e graças às idas dela até em sapateiro pra tentar colar aqueles 15 livrinhos iniciais, a primeira prova do livro do Salomão saiu em tempo recorde (4 dias) desde que eu comecei a fazer toda a revisão e montagem. Aí, como um exato remédio que faz reanimar qualquer doente (mesmo em delicado), a palhinha desse sonho do Salomão em suas mãos foi o suficiente pra fazê-lo começar a sair daquele estado! Logo no dia seguinte que ele pegou em suas mãos uma mostra do que seria seu livro (mesmo ainda com hemorragia, em estado gravíssimo, sem conseguir se comunicar, escrever, sem conseguir quase enxergar a beleza da sua obra), ele já começava a tentar sentar e voltar a escrever (sua única forma de comunicação).
Ver essa primeira prova do livro fez com ele desejasse viver um dia de lançamento (através de uma editora) e, inclusive , o animou para que se reerguesse de todo aquele quadro seríssimo e de todo aquele sofrimento que enfrentava. Nesse dia, não me aguentei de emoção quando ele ainda tentou me escrever que esse dia do lançamento ia chegar e que eu seria sua empresária quando ele ficasse famoso! Quanto bom humor, quanta esperança, quanta vontade de lutar! Vê-lo prostrado naquela enfermaria e imóvel e sem cor, era como se fosse impossível imaginar que esse dia de sonho iria chegar!

“Deus está perto daqueles que O buscam de todo o coração.” (Salmo 145, 18)
Se o Salomão não buscasse confiar em Deus, não teria tido forças pra lutar mais uma vez (e dessa vez, uma luta tão violenta).
Se o Salomão não fosse a pessoa cheia de fé e de perseverança que ele é, não surpreenderia médicos todos os dias, quando eles dizem que nunca viram nada igual e que não entendem por que ainda não perdemos o Salomão.
Eu entendo! É muita vontade de viver! É muita fé, muito ânimo e muita vontade de fazer a diferença, de viver intensamente, de deixar um legado...! Que coisa especial...!

No dia do lançamento, recebi um torpedo assim: "Olá maninha qerida td bem, hje é o dia do sonho q foi sonhado ao longo do tempo. Obrigado p sua e voca e dedicações. bjos. ate mais logo."
E sexta, quando finalmente cheguei em casa e sorri chorando, feliz feliz feliz por tudo o que Deus permitiu que acontecesse e que fosse realizado, fiquei pensando que nunca vou poder retribuir a tudo o que Deus me dá, tudo o que Ele me faz sentir, tudo de pleno que é a fé, e que os pensamentos Dele são infinitamente maiores dos que os meus!!! (ref. Is. 55,9)

Quando acordei na sexta e recebi um serviço de “frase do dia” no email, me deparei com essa aqui: “Se Jesus nos faz assim felizes na Terra, como será no Céu?" (Pe. Pio de Pietrelcina).
Abri um sorriso largo..............!!!!!!!! Era a mais pura verdade...!!! E quer saber? “Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria. Isso, pra mim, é viver!” :D

O meu muito obrigada...

* A Deus;
* Ao meu amado irmãozinho Salomão;
* Aos meus pais que abraçaram sempre toda causa do Salomão junto comigo e à minha vovó de 90 anos que mês passado se internou e ficou no CTI mas não perdeu essa noite mesmo tendo que andar de carro mais de 4hs até que minha mamãe encontrasse uma forma de sair de Campo Grande e chegar à Barra (por causa das vias interdidatas por causa das chuvas);
* Às amigas patrocinadoras (Ana Eliza, Edilene, Mari Mend, Mari Máximo e Nilcelene) - em especial à Ana Eliza e Edilene que tiveram a iniciativa de tomar a frente quando eu já estava "pelas tabelas" e me ajudaram muito com tudo do livro, (eu não conseguia mais seguir com essa missão sozinha). Deus as abençoe muito!
* À Beth (diagramadora que não pertence à editora) que nos ajudou tanto - gratuitamente - para que fosse possível adiantar o trabalho da editora!

E o meu muito obrigada também a todos que atravessaram estradas, pontes, atalhos, túneis e tantas coisas que embolaram o Rio nessa semana dificílima de se locomover. Muito obrigada por tudo o que vcs superaram (além do trânsito, tbm o cansaço daqueles que trabalharam o dia todo)! E eu bem sei o que é isso! :)

Quanto aos que ainda desejam comprar o livro (pessoas que não foram e pessoas que querem comprar mais livros), por favor, não escrevam/encomendem pra editora, pois ainda temos livros pra vender! Foi um sucesso sim o lançamento e foi muito melhor do que poderíamos imaginar! Mas como a quantidade de livros é grande, então, ainda temos livros pra vender, portanto, por favor, comprem conosco, escrevendo para salomaoevida@gmail.com.

Muito obrigada, pessoal ! Esse livro realmente tá demais!

Um beijo enorme e MUITO FELIZ!
Fiquem com Deus!

Seguem 2 mensagens muito especiais para compartilhar com vcs. As 2 foram enviadas por padres que cuidaram do Salomão em Angola e que se encontram na Argentina nesse momento. Um deles (Pe. Horácio) estava tentando vir para o lançamento!

1) Mensagem do Pe. Horácio:

oi Luiza eu tentei me comunicar com salomao estes dias e nao consegui, tentei tambem preparar a viagem e nas ultimas duas horas nao recebi uma tradução juramentada de um documento que estava esperando e assim nao posso viajar, me da muita pena porque considero salomao como meu filho e meu irmão, na fe e na vida, e a alegria dele é minha alegria, a vitoria dele é um bem para todos nos. quero dar graças a Deus por Ele,por sua fe,sua luta sua fortaleza, seu exemplo e por todas as lições de vida das quais humildemente somos herdeiros.dou graças por cada um de voces que colocaram em salomao um gesto de solidariedade e estao dia a dia sendo referencia ,sendo familia, conformando neste lançamento um ato Historico digno de ser transmitido e lembrado por todas as pessoas do mundo inteiro.neste dia tao especial para todos chegue ao salomao e a todos voces o meu sincero abraço, e minha eterna gratidão.Padre Horacio


2) Mensagem do Pe. Pablo:

Muitas felicidades e parabens por todo o que voces tem conseguido atingir neste amor incondicional ao Salomao Adriano.
Certamente, é um grande motivo de orgulho e satisfaccao ver como a luta pela vida sempre da os melhores e verdadeiros frutos em abundáncia.
Justamente neste bonito tempo da Pascoa do Senhor resucitado temos a alegría de partilhar a alegría do Salomao o que é uma prova contundente de que o Senhor também resucitará em todos os outros casos dos pequenos que lutam e sofrem. (uma referência aos meninos de Angola)

Mando todo o meu amor de pai a este filho tao amado e maravilhoso que é um motivo de grande orgulho e felicidade para todos nós e para todos os que amamos na África.
Padre Pablo José.

domingo, 17 de outubro de 2010

Junho de 2010: Lençóis Maranhenses!!! :D

Ainda do alto, o piloto alertava: "Por favor, vejam pela janela do avião a vista incrível dos Lençóis Maranhenses. Podem babar. O nosso Nordeste é muito lindo!"



Bati algumas muitas fotos já de cima do avião, muito animada para que chegasse logo a hora em que eu pudesse conhecer os Lençóis.

Desembarcando no aeroporto de São Luis, um susto: apenas 1 andar, 1 banheiro, 1 restaurante e, ainda por cima, uma trilha sonora ao fundo, tocava uma música das Spice Girls! Para reverter a imagem esquisita desse cartão de visitas, rs, os originalíssimos maranhenses vestidos com fantasias típicas do São João maranhense recepcionavam - em grande estilo e de forma super autêntica - os turistas que desembarcavam aí.

Em 10 minutos de aeroporto eu já vibrava com o clima bem mais quente que o do Rio. Em pleno Junho, era delicioso sentir aquele ar gostoso de Verão... :o)

Enquanto isso, ligava a minha maquina pra ver como tinham ficado as fotos dos Lençóis que tirei de dentro do avião.

Pessoas simples me esbarrando o tempo todo, me fizeram lembrar das raízes da família da vovó no interior de Minas. Fiquei pensando nesse país cheinho de culturas distintas e coisas tão peculiares...

Umas horas depois, chegava o vôo da minha mãe - minha companheira nessa aventura - e logo partiríamos rumo a Barreirinhas, cidade que fica há 4 horas de São Luis e que é a porta de entrada dos Lençóis Maranhenses.

Depois do nosso almoço dentro do restaurante do aeroporto, fomos advertidas por um dos garçons para que não deixássemos de tomar cuidado com dinheiro pois não podiam garantir que não assaltassem turistas... Mas também, pudera. Éramos totalmente diferentes da maioria das pessoas que nos cercavam. Nossas roupas, hábitos e além disso, nosso sotaque (porque carioca tem sotaque sim), nos denunciavam a todo instante.

Como àquela hora - já anoitecendo - não tínhamos opção de vans de turismo, nos informamos que havia uma linha de ônibus que fazia o trajeto São Luis - Barreirinhas. Enquanto passávamos de táxi por um largo próximo ao aeroporto, vários homens se debruçavam no táxi se oferecendo para nos levar em carros comuns - não legalizados - pelo mesmo preço do ônibus. É claro que morremos de medo e não aceitamos mas começamos a ficar assustadas.

Desembarcando do táxi na rodoviária, um dos homens que implorava para nos levar no carro comum, chegou junto a nós, ainda insistindo que fôssemos com ele. Ele tinha nos seguido! :O

Sem ação, graças a Deus que minha mãe respondeu no meu lugar: "Não, obrigada. Já marcamos com nosso grupo de irmos juntos no ônibus."
Não havia grupo mas, ao menos, o homem saiu. Nossa... que sufoco.

Compramos a passagem e pensamos que ia ficar tudo tranquilo até que, chegou um moleque pedindo dinheiro e minha mãe deu. Eles não tem cara de mendigo mas também nao tem a melhor cara... parecem mais meninos comuns, malandros - como se tivessem aprendido com cariocas, rs - e que tem o hábito de pedir dinheiro, mesmo não estando fedendo ou mal-vestido. De qualquer forma, o olhar deles parecia uma ameaça e ficamos com medo de não dar dinheiro e continuarmos ali expostas na rodoviária. Depois disso, ainda veio mais um menino e minha mãe disse que quando fosse comprar algo, ela aproveitava e comprava pra ele. Cinco minutos depois - e sem minha mãe comprar nada - ele voltou dizendo que ja tinha conseguido metade do dinheiro que precisava pra comer e perguntando se ela não podia adiantar o restante. Ela adiantou né... Estávamos pressionadas e como boas cariocas que não tem bom exemplo no Rio, estávamos preocupadas!

O ônibus atrasou pra sair pois o motorista oficial tinha faltado e teve que ir o motorista que estava de férias (e as emoções não acabavam, rs).
A viagem de 4 horas percorria lugarejos do Maranhão, parando de tempo em tempo pra buscar mais um passageiro (pense num ônibus parador! rs).
Quem quiser comer, que leve seu lanche pois o ônibus ja pára bastante só pra pegar passageiro!

Numa das cidades havia uma festa junina e eu via da janela do ônibus as pessoas passando cheias de fantasias - quase como se fossem as fantasias de Carnaval do Rio - e com um espírito de seriedade no rosto... era até engraçado, diferente... bonito ver o comprometimento daquelas pessoas com sua cultura.


Depois de alguns gados e burrinhos que atravessaram a frente do ônibus na estrada, finalmente chegamos a Barreirinhas, lá pela meia-noite. Uma cidade quietinha e com 3 táxis de cooperativa. A essa hora, só havia 1 (que devia ser à nossa espera, rs).
Fomos para o hotel e não imaginávamos o dia brilhante que nos esperava dentro de algumas horas.

Logo cedo, um galo cantou. Continuei dormindo mas logo depois, foi a vez do despertador.

Um dia lindo lindo lindo num lugar mais lindo ainda. O nome? Um verdadeiro achado da minha cabecinha cheia de idéias, rs: Porto Preguiças Resort.


A caminho do restaurante, a recepcionista perguntou “Dormiu bem, senhora?” Ao que respondi, perguntando: “Meu quarto fica perto de algum Galinheiro ou os galos ficam soltos?”. E ela: “Ficam soltos, senhora.” Ah, tá. Tudo bem então. Dormi bem sim.

O que era um galo no meio daquilo tudo que eu via? Um dia claro, um céu azul e poucas nuvens pequenas, só pra enfeitar o cenário. O ar tinha cheiro de floresta, o vento soprava suave. O restaurante era do tamanho ideal. Nem grande e nem pequeno. Ideal. O ambiente decorativo nos inspirava: florezinhas, guardanapos de pano, dobrados no formato de barquinhos, cata-ventos...

No café, todos os tipos de coisinhas gostosas. Frutas variadíssimas, empadinhas, salgadinhos e docinhos no forninho, tapioca que podíamos escolher o recheio (doce ou salgado), bolos e pães diferentes... nossa... dava pra passar a manhã inteira ali, rs.

Atraídos pela enorme área de lazer do Resort (que ficava à beira do Rio Preguiças), fomos dar uma volta após o café. Conhecemos as áreas com as espreguiçadeiras, as hortinhas, os varandões com cadeiras gostosas e um barzinho aqui, outro ali. Meio a patinhos que tomavam banho com a água que esguichava de uma torneira de jardim, havia também passarinhos pousando e voando, compondo um cenário de sonho. Dali, chegamos até à margem do Rio Preguiças onde há um pequeno píer de onde saem os caiaques próprios do Resort. Ancorado ao píer, um catamarã gracinha, com os desenhos símbolos do Resort. Avistando até a outra margem do rio, sabíamos que ainda voltaríamos muito ali pra babar aquela vista...

Rumo à piscina, ainda passamos por uma passarela de flores, pontezinhas e diversos coqueiros. E bastou entrar na piscina pra não ter mais vontade de sair (se não fossem os Lençóis à nossa espera, ficaríamos ali todos os outros dias, rs). Uma piscina com fundo delicioso de areia e com algumas mezinhas e coqueiros dentro. Não era só cenário incrível. Era a sensação também!

A tarde chegou e o almoço – naquele restaurante formosamente decorado e de comida excelente – nos embalou para uma rede depois. Depois de fotos e papos, pensamos no que poderíamos fazer por volta daquela hora (por volta de 17h). Um dos funcionários muitos simpáticos nos indicou: “Ah... essa hora é boa pra assistir ao pôr-do-sol...” E, num piscar de olhos, estávamos lá, na pontinha do píer, num banquinho de frente para o Rio Preguiças, assistindo a um pôr-do-sol espetacular. Só Deus mesmo pra fazer uma coisa dessas!!!


Ainda embaladas pelo maravilhoso pôr-do-sol, passamos pelo salão de jogos e nos divertimos com sinuca e totó. Depois, algumas orações na capela do Resort que é uma gracinha e super aconchegante. Depois de um bom banho de ducha, curtimos o bar super agradável. A noite - cheinha de estrelas, meio a tantas árvores e coqueiros - nos fazia ansiar pelo dia seguinte, quando sairíamos para o passeio à Lagoa Bonita, nos Grandes Lençóis.

No dia seguinte, de manhã, fomos nos aventurar com os caiaques oferecidos pelo Resort. Uma diversão e tanta para quem nunca tinha entrado num negócio daqueles. O que umas férias não fazem! Ainda mais num lugar daqueles! Com toda a coragem do mundo – mas gritando incansavelmente – me meti no Rio Preguiças que tem 40 metros de profundidade! O rapazinho do hotel acompanhava tudo, para o caso de alguma emergência... rs.

Depois de algumas remadas desesperadoras, achei que tinha pego o jeito e animei que minha mãe me acompanhasse. Ela entrou no caiaque e sugeri que fôssemos até à outra margem do rio. Não chegamos a ficar tão expert mas conseguimos ir até à outra margem do gigantesco Rio Preguiças! Os micos e a emoção já foram tão grandes que valiam o dia, rs.

Ainda pegamos uma piscina e depois fomos almoçar em um dos restaurantes da beira-rio de Barreirinhas. O Restaurante D. Maria é realmente muito bom e é nossa indicação de restaurante por ali. Assim que almoçamos, nosso guia chegou com um super 4x4 que nos levaria até à Lagoa Bonita.

Logo no início, tivemos que sair do carro para que ele pudesse atravessar - em cima de uma balsa - o Rio Preguiças. Do outro lado do rio, nativos com seus artesanatos esperavam ansiosos pelos turistas pra exibirem suas preciosidades. Como ainda estávamos começando o passeio, preferimos deixar as compras para a volta. Adiantamos apenas um biscoitinho feito de coco verde. O rapazinho que vendia estava tão aflito pela nossa compra... e quem sabe não faríamos bom uso se ficássemos com fome no meio do caminho, né...

Daí em diante, nos metemos numa estradinha de pura areia. Diferente do que eu imaginava, não era estrada de barro mas sim, um caminhozinho de areia por onde o 4x4 teimava em passar. Dos dois lados, só verde. Muita mata e muitos galhos invadindo a nossa jardineira (jardineira onde ficamos dentro do carro). Vez ou outra, avistávamos um casebre. Vez em sempre, tinha crianças na porta e um cachorrinho. Todos acompanhando a passagem do "nosso" 4x4. Parecia ser a atração deles. Muito simples e muito bonitinhos, se déssemos tchau e sorríssemos, prontamente eles também acenavam, sorriam e uns até corriam pra nos acompanhar. Umas gracinhas!

Percorremos um pouco mais de 1h por esse caminho super difícil. Pra contribuir com a emoção, essa estradinha não era plana. Subia e descia num curto espaço de tempo, como se estivéssemos num tobogan, rs. Por algumas vezes - pelo menos umas 5 vezes - tivemos que passar por dentro (!!) de pequenas lagoas que encontrávamos no meio do caminho. O carro ia descendo, descendo, descendo... e nossa emoção crescendo, crescendo, crescendo! rs. Graças a Deus, deu tudo certo e, quando menos esperávamos, lá estávamos nós a pouquíssimos metros de uma das entradas para os Grandes Lençóis.

"Deixem aí tudo o que for possível.", disse o nosso guia. A idéia era carregar pouco peso pra andarmos bastante e sairmos de lá carregados de muita beleza. :o)

Nos primeiros passos, um susto: uma subida de areia tão grande mas tão grande que só tendo muito fôlego pra não passar o resto da tarde ali, rs. Uma corda servia pra nos ajudar no equilíbrio e manter nosso ânimo pra chegar até o fim. O fim? Uma recompensa incrível... uma cena de novela... ou melhor, cena de filme! Nossos olhos se depararam com uma imensidão de montanhas de areia e com um horizonte azul azul azul...! Pra onde a gente olhava, não era apenas areia mas montanhas de diversos formatos e pontos em que avistávamos pequenas lagoas, dando um brilho pra todo aquele visual... Lindo lindo lindo. Só aí - já no primeiro passo que dei em cima dos Grandes Lençóis - já valia tudo: preço da passagem, 5 horas entre São Luis e Barreirinhas, estradinha cheia de ondulações e galhos entrando na jardineira do carro e toda a subida íngreme e tão custosa. Sim... aquela vista era inesquecível e já era mais um grande motivo pra agradecer a Deus por aquilo tudo!


Depois de muitas fotos panorâmicas só com poucos passos, segui rumo à primeira lagoa. Mamãe já tinha ido na minha frente, enquanto eu batia as fotos. Encontrei-a mergulhando e nos juntamos, encantadas, com todo aquele visual. O guia, perdido com a dispersão do grupo que se espalhava em duas ou três lagoas, foi nos chamar e avisar que aquela ali ainda não era a principal e que a gente tinha um longo caminho de belas lagoas pela frente. Saímos empolgadas, bolsas numa das mãos, máquina em outra e cabeça girando, girando... olhando pra tudo em nossa volta...


Peregrinando pelas areias - mais parecidas com Jade de "O Clone", impossível, rsrs - seguimos para a lagoa principal: Lagoa Bonita. E não é que ela era incrível mesmo?! Uma lagoa enoooorme, dita como maior que a Lagoa Rodrigo de Freitas! Essa lagoa, explicou-nos o guia, era permanente. A altura dela é toda igual - não tem uma parte mais funda que a outra - tudo mais ou menos um pouco abaixo do ombro. Ali passamos um bom tempo papeando, mergulhando, batendo fotos e nos maravilhando com os milhões de peixinhos que lotam a lagoa. Com a máscara para ver debaixo d´água, dava pra ter noção da quantidade gigante de peixinhos ali dentro. Muitos mesmo!

De lá, seguimos - a pé - para a parte do parque em que foi gravada O Clone. No caminho, muitas lagoas - menores mas belíssimas - e curvas que davam um toque especial àquele visual... Um cenário, com certeza, inesquecível. Ainda tomamos banho em outras lagoas, pegamos o maravilhoso pôr-do-sol e, super contrariados, seguimos rumo à toyota, porque já ia começando a nossa despedida...


Ainda mergulhamos mais um pouco - porque ninguém é de ferro, rs - e batemos uma foto de toda a galera que foi ao passeio com a gente. O sol já ia se pondo e um céu rosa claro marcava aquele adeus, ou melhor, um até breve!

No caminho de volta, já na toyota, todos do grupo falavam bem menos... Todos traziam uma lembrança, um visual na memória que valia qualquer longa conversa. Comemos, rimos, lembramos de fatos lá de cima das super dunas, passamos - já na escuridão total - dentro das lagoas formadas no caminho (aquelas que, na ida, só víamos a toyota afundando, afundando...) mas já estávamos vacinados, rs, e também como não havia luz, o medo era menor, rs.

Poucas casinhas - casebres de palha - pudemos avistar na volta, por causa da escuridão em plena mata que cerca os Grandes Lençóis. Até que, o próprio motorista parou em frente a um casebre, pedindo informação do caminho. Diz o motorista que ele se perdeu... Até hoje a gente não sabe se era verdade essa história mas, aproveitei a oportunidade pra saltar da toyota e ir conhecer todas as criancinhas que se aproximaram do carro pra conhecer os "civilizados" que estavam de passagem. Consegui arrecadar biscoitos de algumas pessoas do grupo e juntei com os meus e dei-os às crianças. Todas simples demais e com um sorriso enorme e carinho gigante. Mal tinha me conhecido e já me davam beijo e abraço. Não perdi a chance de algumas fotos com elas!! Depois, subi correndo de volta à toyota, mandando beijos e me despedindo daquelas criancinhas fofas. Acho lindo gente humilde... quase como aquelas que o Chico Buarque descreve em sua música. Crianças lindas... puríssimas e carentíssimas de atenção, de motivação até. Carentes de algo fora daquele cotidiano...

Depois do cenário mais incrível que eu já vi - aquele dos Lençóis - essas crianças valeram o resto do passeio!!

Quando estávamos quase de volta a Barreirinhas, enquanto esperávamos a toyota subir na balsa pra atravessar o Rio Preguiças de volta a Barreirinhas, demos uma olhada no artesanato dos nativos. Coisinhas de palha muito delicadas e bem trabalhadas. Compramos algumas lembrancinhas com muito prazer. :-)

Já era quase 20h e estávamos todos maltrapilhos. Uns com biquini, outros com biquini e metade de uma saída de praia, outros de sunga. Todos com uma máquina fotográfica nas mãos e com muitos sorrisos no rosto. Com os pés fora da toyota, já de volta à porta da agência, encerramos aquele passeio fantástico! Enquanto nos despedíamos, já combinando uma pizza logo após nosso banho, começou a passar uma gente alegre, gente com roupas coloridas e cheias de animação. Uns viam a pé e outros, em cima de charretes. Tudo enfeitado de São João. As charretes com balões de gás coloridos, as pessoas caracterizadas, uns homens falando em auto-falantes... uma graça... Um São João super diferente! Corri - de biquini e com saída de praia pela metade, rs - atrás desse povo pra registrar aquele momento com algumas fotos, rs.

Agora sim, passado o desfile junino maranhense, partimos pra um banho rápido pois a pizza nos esperava. Fechamos o dia com um casal de amigos que conhecemos no passeio, comendo uma boa pizza à margem do Rio Preguiças (um restaurante num deck em cima do Rio Preguiças), curtindo uma boa música ao vivo e um bom Guaraná Jesus! De-li-ci-o-so! Ainda acho que deveria ser servido em todo restaurante, por todo o Brasil ! :-)

O dia seguinte? Já estava marcado para um passeio de voadeira (eles não chamam de lancha, rs) no Rio Preguiças, rumo aos Pequenos Lençóis e aos lugarejos de Caburé e Mandacaru.

Que ma-ra-vi-lha!!

No dia seguinte, exaustas, fomos nos encontrar no píer da cidadezinha. Lá chegaram nossos companheiros de passeios e o devido guia com a voadeira (que eu chamei de lancha o tempo todo, rs). Seguimos pelo Rio Preguiças, recebendo uma aula de história sobre a flora e a fauna em volta do rio.

Nossa primeira parada foi em um dos pontos dos Pequenos Lençóis. Apreciamos as dunas e as pequenas lagoas, além de nos divertirmos com os inúmeros macaquinhos que vinham nas nossas mãos comer bananas e sair nas fotos, rs. Partimos para Mandacaru depois de algumas fotografias e de um registro especial daquele encontro espetacular: água, montanhas de areias e céu.

Uma penca de criancinhas - fora da escola (!!) - nos esperavam no píer de Mandacaru, cheias de ansiedade para nos recitar um poema e cantarolar a música de Luiz Gonzaga (“Mandacaru quando fulorá na seca...”, afirmando - piamente - que a música tinha sido feita inspirada naquela ilhota no meio do gigante Rio Preguiças. ;-)

O vilarejo simples tinha estradinha de chão, casinhas coloridas, muitas barraquinhas vendendo artesanato e um barzinho cheio de sorvetes de sabores exóticos. Tomei um de coco - o mais puro coco - que tava uma delícia! Aliás, só tomei esse sorvete de coco pelos arredores dos Lençóis... ô coisa gostosa e diferente da cidade grande! rs

Eu e mamãe tivemos como companhia nossos amiguinhos mirins que insistiam em dizer que tinham ido à escola de manhã. Lhes prestigiamos com boas bolas de sorvete (que não são tão baratas... cerca de 2 reais cada bola) e também degustamos algumas coca-colas que, para alguns dos meninos, era super novidade (também devido ao preço). Papo vai, papo vem, não subimos no grande farol que fica colado a esse barzinho e que é a verdadeira atração dessa ilha. Se chama "Farol de Mandacaru", de onde se avista boa parte do Rio Preguiças e dos Pequenos Lençóis. Como tínhamos feito amizade com um rapazinho canadense que tirava mais fotos do que eu, rs, fiquei na expectativa de que ele me enviasse as fotos dele por email (o que não recebi até hoje, rsrs).

Saímos dali rumo a Caburé, uma outra parte do “quebra-cabeças” do Rio Preguiças. Um lugar que eu já tinha lido bastante a respeito. Ali ainda é menos civilizado que Mandacaru. No meio de uma imensidão de areia, avistamos algumas cabanas idênticas àquelas que vemos na televisão de povoados na Amazônia. Sim sim. Cabanas de palha, no meio do nada. Dizem (e também li bastante sobre isso) que esse lugarejo vem desaparecendo, por causa das tempestades de areia. Além disso, ele fica entre o rio e o mar e, o que dizem, é que o mar vem cobrindo a ilhota também.

Alguns coqueiros enchem de beleza a paisagem da ilha. Um restaurantezinho de frutos do mar nos serviu de almoço, depois de termos curtido algumas horas na região.

Depois de uma esticada em uma das redes do restaurante - com aquela brisa gostosa - no meio daquele lugar aconchegante, voltamos para Barreirinhas, numa viagenzinha de voadeira que durou aproximadamente 1h.

Chegamos já quase que em cima da hora de tomar banho e pegar o último ônibus que saía de Barreirinhas rumo a São Luis. Uma pena... ainda queria dar umas voltinhas na beira-rio de Barreirinhas e tomar mais sorvetes, além do restaurante D. Maria que ficou com gostinho de “quero mais”. Mas não foi só isso. Ficou a vontade também do passeio pela parte rasa do Rio Preguiças onde as pessoas descem em cima de grandes bóias e avistam todo tipo de peixe deoixo da água cristalina. Essa dica, quem nos deu, foi um casal super simpático que nos acompanhou na pizza, no mesmo dia dos Grandes Lençóis. Como nosso tempo já estava curto e nossa passagem de volta já estava mais do que comprada (eu que o diga, né mami ? ;-) tivemos que tomar nosso rumo sem mais delongas, rs.

Não faz mal... nós temos muitos motivos pra voltar! Uma cidade tranquila, cheinha de atrativos ao redor e com uma boa receptividade. Ainda não tem uma agência do Plano de Expansão da Dataprev (que só não foi ativada por causa de pendência de infra no cliente) mas isso é só um pequeno detalhe... rsrs

Antes de entrar no ônibus, ainda corri numa barraquinha da pracinha principal (em frente ao píer) e pedi um hamburguer. A dona sorridente, tinha um sotaque diferente. Não resisti e perguntei de onde ela era. Ao que me respondeu: “Canoas, no Rio Grande do Sul.”

E ainda tem gente que não se imagina morando longe da cidade grande... não sei não... acho que a moça fez uma boa escolha... ;-)

Barreirinhas do meu coração, eu voltarei ! :D

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Apenas um dia

O dia tava lindo lindo.
Amanheci bem, sem nenhuma dor de cabeça.
Dormi bem e quando acordei, me deu uma vontade enorme de falar com Deus, como se estivesse com saudade.
Tem coisas do trabalho que durante a semana penso, penso, penso e não chego a nenhuma conclusão. Às vezes saio das reuniões com o cliente pensando no que mais poderia fazer, como agir com algumas questões, como organizar algumas idéias... Aí, nesse dia lindo, de noite bem dormida e a cabeça leve e cheia de vontade de pensar em Deus, também consegui organizar alguns pensamentos do trabalho.
Peguei meu celular – que estava na mesinha de cabeceira - e comecei a anotar tudo o que vinha de idéia na minha cabeça. Claro que eu não trataria naquele dia. Fui apenas colocando as idéias como lembretes. Tudo ficaria pra segunda, terça, quarta... se Deus quiser.
Depois, estiquei o braço – mais uma vez à mesinha de cabeceira – e peguei a Bíblia. Saudade do tempo que eu lia capítulos e mais capítulos como quem deseja ansiosamente ver o final de um livro comum. Já se foi o tempo que eu conseguia fazer isso. Ultimamente, o trabalho não tem me permitido esse velho hábito...
Li alguns capítulos da chegada de Paulo em Roma e algumas coisas do Antigo Testamento também, quando Abrãao seguia à Terra Prometida.
Sem muita pressa, fiz minha oração da manhã.
Saí do quarto, tomei café e fiz contato com a amiga Edilene que tinha topado a programação do dia: uma visita ao Salomão.
Marcamos logo após o almoço e seguimos na emoção de eu não ser parada numa blitz pois não encontrei minha Habilitação de jeito nenhum, rs.
Chegando à casinha do Salomão, o encontramos assistindo tv e se alimentando pela sonda. Levantou da cadeira e nos deu um abraço apertado. Lavamos as mãos e começamos nosso papo.
Falamos de coisas urgentes, curiosidades que ele tem, assuntos pendentes e até sobre o terceiro lançamento do livro.
Falamos d vida, compartilhamos coisas nossas e até surgiu um assunto sobre namoro. Salomão reclamou que as pessoas amigas são comprometidas, rs, e começamos uma conversa sobre isso também. Sobre a importância da nossa razão de viver não ser através de pessoas e nem coisas. Apenas Deus.
Vendo - constantemente - aquele menino se levantar para enxugar sangue e secreção que saía do buraco em seu pescoço, fiquei pensando que mesmo que pouco tenha noção, é exatamente isso o que Deus para o Salomão: sua - e totalmente sua - razão de viver. Muito mais do que ele imagina...
Continuando a conversa, Salomão disse que não tinha namorada porque a cara dele era feia. Eu disse que não, que tem muita gente solteira por aí pois o que tem que "bater" é o coração e não a aparência. Ele fez que "sim" com a cabeça como se estivéssemos falando uma coisa fácil de aceitar. Sem qualquer revolta por não ter a metade do rosto e nem perspectiva nem de cura e nem de plástica, ele ouviu nossos comentários com serenidade e seguimos falando do amor de Deus: "Só o amor de Deus nos inspira, Salomão. Só isso nos anima e nos faz viver. A coisa mais importante que podemos sentir na nossa vida, a cada segundo de vida, é sentirmo-nos amados por Deus."
Ele olhava pra nós e, seguindo com serenidade, concordava.
Eu e Edilene, bem no fundo, sabemos que quem mais tem discursos e experiências com Deus é justo o Salomão. Justo aquele guerreiro que nos ouvia.
Como diz o Pe. Pablo, Salomão é um santo entre nós!
Aí, falamos pra ele que tínhamos que ir embora pra missa. Justo aí, ele nos pediu que preparássemos a comida dele que, na verdade, é muito mais difícil do que uma simples comida. Tem que esperar esfriar, bater várias vezes no liquidificador, coar, peneirar, peneirar, peneirar... até chegar no ponto. Olhei pra Edilene. Acho que nos entendemos apenas olhando, pensando a mesma coisa: “vamos confiar em Deus.”
Enquanto a Edilene mexia com o liquidificador, eu lavava a louça e depois, fui ver o cachorrinho que estava tão mal e doente.
Enquanto isso, Salomão começou a procurar um cd que eu não fazia idéia do que era e mal reparei, já que eu estava ajudando o cachorro e a Edilene, peneirando a comida.
Quando dei por mim, ele tinha posto um cd de forró e, com um caderninho nas mãos, escreveu pra mim: "Vamos dançar?"
E eu respondi: “Ah??”
Até perguntei pra ele se ele tinha bebido, rs. Tanto eu quanto a Edilene já era pra estarmos longe dali fazia tempo e estávamos ansiosas por causa da hora e ainda por cima ele queria dançar?!
Disse pra ele que eu tava cuidando do cachorro enquanto a Edilene terminava de peneirar e que a gente tinha ficado com ele até aquela hora.
Ele sentou na cadeira e ficou ouvindo o som mas,não tive coragem de deixá-lo assim.
Fui até ele, pedi desculpas e chamei-o pra dançar.
Ele não quis.
Pedi que ele tentasse entender que estávamos com pressa.
Entender... eu tava pedindo pro Salomão me entender... que absurdo...
Pedi desculpas de novo e chamei-o pra dançar.
Isso durou mais uns 5min pois ele não queria mais, de jeito nenhum, rs.
Até que ele aceitou e não só aceitou como pediu pra Edilene bater fotos nossas dançando.
Rimos, brincamos com os passos errados dele e ficamos zoando pois ele não tirava o pé do chão. Começamos a brincar, falando que dança de Angola é diferente e tal... até a Edilene entrou na dança, rsrs.
Saímos de lá depois de umas 5 músicas, uns 5 abraços bem apertados e com uma paz gigante, sem ao menos olhar no relógio que horas eram.
Chegamos à Dutra e ainda pegamos um engarrafamento que já estamos até acostumadas, por causa de obras que tem nuns trechos dali.
Enquanto estávamos engarrafadas, recebemos um torpedo do Salomão: "Obrigado pelo preparamento da minha janta e asima de td seu e voco lindo amor. Amo vcs. Bjs e uma ecelente semana. "
Chegamos à missa e estávamos só 15min atrasadas! Conseguimos aproveitar muita coisa e o melhor: estávamos ainda mais perto de Deus, como se estivéssemos fechando com chave de ouro aquele dia, enquanto cantávamos:
"...e o vento forte
que me leva pra frente
é o amor de Deus"
Nada que vivemos junto ao Salomão é fácil. Muito pelo contrário, cada vez mais o amamos e cada vez mais é difícil tratar com serenidade essa realidade dele.
Mas vivendo tudo o que pudemos viver com ele nesse dia e ainda cantarmos que "o vento forte que me leva pra frente é o amor de Deus", foi como se Deus respondesse as coisas que vínhamos guardando no coração desde a visita ao Salomão. Como se tudo o que falamos pra ele lá, precisássemos viver profundamente também na nossa vida: que o amor de Deus nos anima, reergue, nos leva pra frente.
O dia foi perfeito, lindo, abençoado por Deus, livre até de perder a missa e de uma apreensão do veículo, já que eu andava sem a minha carteira. ;-)

É claro que eu podia ter ido à praia ou assistido coisas que passam na tv e que um monte de gente me pergunta se eu vi e eu costumo falar que não. É claro que eu também ia gostar de ter ido ao shopping ou resolvido alguma coisa minha pessoal (e não faltam coisas pra resolver!) e até tomado um sorvete, caminhando pela orla. Minha mãe costuma dizer que eu mal vejo o mar. E é verdade.
Mas, dia desses, conversando com minha mãe sobre a Pneumonia que o Salomão pegou e a vontade que eu tava de encontrá-lo logo, confessei: "Mãe, tenho percebido que não sei ser feliz de outro jeito. Acho que eu não seria tão feliz indo à praia, dando voltas no shopping, tomando sorvete... quanto sou feliz quando estou com o Salomão."

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma viagem com o Salomão (de 1 a 3 de Maio de 2009)

Fecho os olhos e ainda vejo aquela cabecinha acompanhando as curvas da estrada. E de pensar que essa viagem quase não aconteceu, por causa de um problema na embreagem do carro (já há alguns bons quilômetros de casa!). Tivemos que acionar o seguro, rebocar o carro e buscar outro carro para seguir viagem.
Tudo se resolveu e, apesar do cansaço e do atraso, resolvemos seguir em frente. Persistir na missão de levar o Salomão para rever uma das pessoas mais especiais da vida dele.
Tivemos que parar em Aparecida para que ele se alimentasse. Não há como ele fazer isso dentro do carro (a sonda precisa ser pendurada num lugar alto). Meu padrasto pendurou num galhinho de árvore. E enquanto o Salomão esperava que todo alimento descesse pela sonda até dentro do corpinho dele, ele sintonizou uma rádio. Mamãe começou a cantar e ele se embalava pra lá e pra cá... É triste não poder vê-lo sorrir. É triste ele não poder se expressar.
Numa noite bem fria da cidade, chegamos, graças a Deus, muito bem ao Seminário onde nos receberia o Pe. Horácio. Ele estava tão feliz que já nos esperava na calçada, ansioso com o reencontro com um rapazinho que ele tinha acompanhado muito de sua história.
Os dois se abraçaram. Uma cena muitíssimo bonita.
Esse carinho se estendeu numa longa conversa que varou a madrugada. Todos na mesa e o Salomão tomando uma vitamina pela sonda pendurada no alto de uma das grandes janelas. Ele sempre participando dos assuntos, através do seu caderninho.
Muito depois, nos despedimos do padre e nos embalamos num quarto aconchegante. É bonito vê-lo sereno, deitado, dormindo. Respirando e transmitindo aquele ar ingênuo, de criança... Um alguém indefeso, frágil... como pode ser tão forte? É muito milagre! Seu rosto todo marcado de inúmeras cirurgias mostra machucados, feridas que faz tempo que voltaram a ser reabertas, voltaram a “estourar” em sua face.
E quando veio a nova manhã, veio também um cheirinho de orvalho e aquele jardim lindo, que a gente mal pôde perceber quando chegamos tão tarde da noite. São essas manhãs que renovam o Salomão. E diante de um cenário tão diferente de tudo o que ele está acostumado, era só desfrutar... havia tantas árvores, tantas flores...! Havia até sinuca, num salão enorme, que fascinou o Salomão. É tão bom saber que ele experimentou momentos novos!
Salomão deixou de lado até o incômodo de andar em público e topou passear num dos parques mais famosos da cidade. Às vezes dói ver a insensibilidade das pessoas quando fitam ele; dói ver que dói nele; dói vê-lo tão diferente em tantas coisas que pra nós é tão normal...
Não era justo comprar um picolé, mascar um chiclete, saborear um chocolate. É bom experimentar a caridade abrindo mão de coisas que podemos viver sem elas, somente por amor a alguém.
Saindo do parque, seguimos para uma missa que o querido Pe. Horácio ia celebrar. Ali, há quilômetros de casa, eu, Salomão e minha família viveríamos um dos momentos mais felizes de toda nossa vida. Na Homilia, quando o padre falava sobre esperança, fé, amor... ele contou a história de vida do Salomão para todas as pessoas que ali estavam. Disse que o Salomão é um grande amigo dele e que lhe ensina muito a respeito de valores que valem a pena ser vividos. Disse que, no dia anterior estava se sentindo triste com alguma coisa e falou ao Salomão pelo msn e o Salomão disse para ele seguir em frente pois “nada é razão para desanimar; tudo tem um propósito; todos temos uma missão. O que devemos fazer é aproveitar as oportunidades para fazer o bem e amar. Amar muito a Deus e ao próximo.” (algumas das palavras lidas pelo padre numa das cartinhas que o Salomão lhe dedicou). FOI EMOCIONANTE DEMAIS.
Todos nós nos emocionamos muito. Muito mesmo. O padre ainda pediu que ficássemos de pé e, agradeceu, em público, por todo nosso carinho e dedicação ao Salomão. Naquele momento eu tive a total certeza de que estávamos no lugar certo, no caminho certo e vivendo a nossa missão no mundo. Para nós, nada sobrepõe a humildade, a coragem, a paciência e a fé do Salomão. Estar com ele e fazer tudo o que está ao nosso alcance é o que nos deixa mais felizes, apesar de toda a sua história de dor, solidão, abandono, doença, marcas expostas. Tivemos a certeza de que não estávamos ali somente para matar a saudade de dois grandes amigos mas sim, que aquele encontro também nos garantia que tínhamos mais um aliado na luta do Salomão. Por certo veremos bem depressa as mãos de Deus agindo através do querido Pe. Horácio.
Nessa noite, antes de irmos dormir, ainda ouvimos, maravilhados, algumas histórias do padre em suas viagens missionárias e seus anos vividos em Angola, só por sua paixão de se doar tanto pelo próximo. Um homem que passou até por minas, correndo risco de vida, nas grandes épocas de guerra naquele país. Também nos divertimos com suas experiências de comida... até rato ele já comeu!
Tudo passou muito rápido... já era a nossa segunda e última noite. Uma noite fria, de novo, e diferente da primeira, o céu estava todinho estrelado. Cheinho de estrelas. Ainda as admiramos, meio às copas das árvores que marcavam nosso campo visual. Nosso coração estava renovado. Brilhando como as estrelas. Tínhamos vivido e presenciado momentos especiais do Salomão com seu amigo Pe. Horácio. Seus conhecimentos, suas amizades, suas lembranças incomuns! Que bonito vê-los com tanta afinidade e sincero amor. Acho até que descobrimos com quem o Salomão aprendeu a ser tão perseverante... =)
No dia seguinte, uma bela manhã nos despediu de volta à casa. Nós, na nossa; ele, no cantinho dele. Parece até que nada mudou, que são as mesmas feridas. Sim... fisicamente, são as mesmas cicatrizes, seu rostinho inchado, sua magreza, sangue notável que por vezes aparece pelo seu rosto. Entretanto, é alguém que cada dia muda, sempre pra melhor. Quanto maior o obstáculo, maior o salto que ele dá.
Conosco, também há uma mudança pessoal: quanto mais dias passamos ao lado dele, mais o nosso coração aprende a se alimentar de valores carregados de bondade, humildade, confiança, amor puro, puro amor, só amor.
Deus abençoe a todos!
Grande beijo!

Toda a minha alegria por mais 1 ano de vida (21 de Janeiro de 2009)

"Chuva de bênçãos pra você!" Foi isso o que ouvi 1 ano atrás, quando um temporal caiu durante o dia inteiro do meu aniversário. E foi exatamente isso que Deus me presenteou em mais esse ano de vida: uma infinidade de dádivas, derramadas com tanto amor e fartura, como aquelas chuvas mais intensas que a gente vê cair.
Foi um ano com desafios e conquistas enormes no trabalho voluntário;
um ano que teve luau, rodízios, danças, violão e muitas risadas com amizades incríveis que Deus me apresentou;
um ano dedicado com muito carinho a famílias carentes e a visitas a hospitais;
um ano cheio de beijos, abraços e sonhos das crianças com câncer;
um ano com a melhor viagem da minha vida, em que tudo deu certo e foi tão bom pra mim;
um ano com novas empreitadas no trabalho (e graças a Deus por eu ter emprego!);
um ano com os mais lindos apóstolos que poderia conviver e aprender dentro do Sonhar Acordado e Regnum Christi;
um ano com o namorado mais sincero, carinhoso, divertido e fiel a Cristo que Deus poderia me dar;
um ano com a família mais linda, mais atenciosa, mais presente, mais companheira, mais amável que existe;
um ano bem mais perto Daquele que me deu a vida!
Agradeço muito a Deus por todos vocês no meu caminho.
Àqueles que magoei, minhas sinceras desculpas!
Àqueles que sempre me ajudam, me apóiam, tem paciência com essa menina estressada e elétrica, rsrsrs, muito obrigada!
O maior agradecimento? Pelos olhos de Deus que sempre estão sobre mim!
O maior presente? Mais um ano de vida junto de Deus e aprendendo a amar o próximo em todas as circunstâncias.
E ao apagar a velinha, meu pedido não será secreto: desejo, de todo coração, me apaixonar cada vez mais por Deus e pela minha missão."Senhor, quando eu tiver fome,
manda-me alguém para eu alimentar.
Quando eu estiver triste,
manda-me alguém para eu consolar.
Quando eu estiver pobre,
manda-me alguém mais pobre do que eu.
Quando eu não tiver tempo,
manda-me alguém para eu escutar.
Quando eu for humilhado,
manda-me alguém para comigo louvar.
Quando eu estiver desanimado,
manda-me alguém para eu encorajar.
Quando eu me sentir incompreendido,
manda-me alguém para eu abraçar.
Quando eu não me sentir
amado,
manda-me alguém para eu
amar."

(Madre Tereza de Calcutá)
Um beijo bem feliz e mais velhinha... ;-)
Deus os abençoem!!!
Com carinho,
Luiza.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Aquele abraço...

Com as pernas bambas, ele parou – meio perto de mim - bem na minha frente, e se esticou. Depois, sentou em cima do isopor.

Seu short largo, caindo, foi esvaziando à medida que punha as mãos nos bolsos e tirava um peso de moedas.

Olhou pro céu, ajeitou o boné. Se assustou com o barulho forte que vinha da água e logo mirou o latão de amendoim torradinho.

Contou as moedas. Uma a uma. Pôs as moedas de volta em seu short que teimava em cair.

A pele bronzeada brilhava no meio de lixos em volta: garrafinhas, canudos, papel laminado e até tampa de garrafa de champanhe.

Ia passando um colega que lhe perguntou: “Hoje vai ser bom?”

- Não... hoje acho que não.

- Ah... amanhã que vai ser melhor, né? tem até aquela de Niterói.

- É... tem razão. Amanhã o ensaio vai ser bem melhor!

E eu que pensava que eles falavam do lucro das moedas... era sobre os ensaios das escolas de samba!

O colega saiu gritando “Ó, O Globo! Ó, o biscoito Globo!”

O senhorzinho foi se levantando também. Deu mais uma olhadinha pro mar, pegou os dois lados do short, deu mais uma puxada, botou o isopor nas costas, tomou o latão de amendoim torrado, estufou o peito, afundou os pés morenos na areia, e seguiu gritando:

“Ó o H2O, o mate, o Guaravita, coca, amendoim...!”

Pouco depois, ouvi uma mulher aos berros, chamando “polícia, polícia!”, correndo atrás de um menino estressado que respondia a ela: “Pô, pára de atrasar a vida dos outros!”

O menino espertalhão acabou largando pela areia a carteira e umas roupas que havia roubado, e fugiu – resmungando – que a moça tinha atrasado a vida dele.

Pois é... tanto o senhorzinho de shorts caindo quanto o menino fugindo, são brasileiros. A diferença de valores, realmente, é a gente que faz.

Rio de sol, caos, pombos e lixo, 16 de janeiro de 2010.