segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Rio de Lançamento do Livro do Salomão, 11 de Abril de 2010

Rio de Lançamento do Livro do Salomão, 11 de Abril de 2010

 

Sexta passada, quando cheguei em casa, comecei a chorar. Um choro de alegria, limpo limpo... cheio de emoção pelo lançamento do livro do Salomão. Eu ainda não tinha conseguido chorar (por causa da correria). Chorar de verdade. Chorar sorrindo.
Minha mente que só me lembrava de cada momento do lançamento do livro, me fazia sorrir ou como diz uma música, fazia “a ciranda girar... me fazia descobrir que as coisas de Deus estão por fazer...”

E eu nunca experimentei algo melhor do que confiar em Deus e em tudo o que Ele pode fazer.
Quando, na terça-feira, dia 6 de abril, vi as imagens na televisão de tudo o que acontecia no Rio, fiquei sem palavras quando a repórter falou que não podíamos sair de casa. Eu só pensava “Meu Deus, e o lançamento do livro dia 8 ?! E agora?! Até quando será que vai render isso?”
A quarta-feira (dia 7) nasceu com um sol lindo e eu jurava que seria um grande dia luminoso. Que nada. Esse sol durou 1hora e ao longo do dia, choveu muito.

Se não bastasse a incerteza do tempo, a editora atrasou a entrega dos livros. Tudo o que eu e 2 grandes amigas (Edilene e Ana Eliza) havíamos acertado com a editora – ter um mínimo de antecedência na entrega, para que o próprio Salomão fosse assinando os livros aos poucos (e não se cansasse muito no dia do lançamento) – não foi cumprido. Primeiro, a editora alegou que o atraso foi por causa das chuvas (expedientes perdidos). Depois, ela prometeu entregar na quarta (véspera do lançamento) e não cumpriu.

A quinta-feira chegou – o grande dia do lançamento – e nada de livro ainda!
Eu, louca no trabalho fazendo relatórios pra uma reunião que teria no cliente, não me agüentava em tanta ansiedade por causa desses livros. Paralelo a isso tudo, muitas pessoas me escreviam e me ligavam, perguntando se realmente haveria o lançamento (estavam em dúvida por causa da chuva). Eu confirmava piamente pois o espaço estava todo reservado e preparado para a noite do Salomão! Ao mesmo tempo, meu coração apertava só de pensar o que estava acontecendo com os livros. Será que chegariam?! Meu Deus!

Levei uma sandália rasteira pro trabalho pra andar depressa na hora do almoço e almoçar bem rápido e voltar pra terminar os relatórios e seguir para a reunião no cliente.
Tentando fugir de um carro que veio bem em cima dos pedestres, acabei metendo o pé numa poça que não tinha água mas lama. E não era lama de barro, era lama cinza escuro, tipo aquelas que juntam esgoto. Pois é...

Seguindo com o pé sujo ainda sem almoçar, passou um carro correndo demais e me deu um banho de água suja (dessa vez era água parada na rua e não lama). Fiquei tão “inacreditada” que não quis nem olhar pro estrago na minha roupa. Meu Deus do Céu, era muita emoção pra uma semana só (e pra um coração só!). Graças a Deus – e até agora não sei como – a água suja não manchou a minha roupa!

Durante o almoço, recebi um torpedo da Edilene (fidelíssima à causa do livro e cheia do mais puro amor pelo Salomão) em que dizia que os livros estavam a caminho da Barra (local do lançamento). Oba! Maravilha!

Eu não sabia se eu respirava, se eu chorava, se eu ligava pra todo mundo... Só sei que eu tinha que comer e voltar correndo pra terminar o relatório e ir pra reunião.
A caminho da reunião, uma outra grande amiga (Mari) ainda me ligou, perguntando sobre caneta pro Salomão. Nossa... eu já tava zonza... Caneta pro Salomão? Ué, caneta é o de menos. Ao que ela respondeu “Ah, não... ele precisa de uma bonitona e especial. Pode deixar que eu vou comprar e levar.” Segurando pasta, bolsa, cabelo que caía na frente dos olhos quando eu abaixei a cabeça pra bloquear o celular, ainda sorri. Lembrei da minuciosidade de cada detalhe criado para o Salomão... Cada gesto cheio de amor que a Edilene, Ana Eliza, Mari e meus pais tinham pelo Salomão.

Me programando para sair às 16h da reunião – porque o Salomão estava me esperando para ajudá-lo em um monte de coisas – telefonei para chamar um táxi. A cada 30min, recebia a ligação de que o carro ia atrasar. Quando já era 17h15 (e a reunião já acabada), ainda tentei pegar táxis em vão, pois passavam sempre cheios. Ainda perguntei a um motorista se ele sabia de algum problema na Barra e ele respondeu: “Sim, há sim. Houve um atentado na Av. das Américas e está uma confusão danada lá. Já são 3 mortos.”

Sabe quando a gente pára pra se fazer ouvir de novo a frase que a gente acabou de ouvir? Nossa! Era demais pra mim... Um atentado? No Rio de Janeiro? No dia do lançamento do livro do Salomão? E tinha que ser na Barra?!!! Jesus!!!

Enfrentando a notícia, desisti do táxi e fui pro metrô do Largo do Machado (eu estava na reunião no Cosme Velho) e peguei o metrô até Ipanema. No meio do caminho, falei ao celular com a Edilene (aquela que já havia me dado a notícia de que os livros estavam a caminho na hora do almoço) mas ela me atendeu com voz de choro, dizendo que os livros não haviam sido entregues e que nem a editora sabia o motivo!!!

Pausa...

Isso realmente tava acontecendo???!!! E aí ?! Tínhamos que ter muita confiança mesmo!!! Já era 18h e o lançamento marcado para às 19h30!

Chegando de metrô em Ipanema – e não posso deixar de agradecer a Deus por esse avanço de já existir metrô até Ipanema – acabei esquecendo que eu estava sem comer desde 11h30 e corri para entrar no ônibus do metrô que ia pra Barra e não comprei nada pra comer. Feliz por não ter perdido o ônibus, quase tive um treco quando vi que eu teria que ir em pé e com fome!
Bom, mas como tudo são escolhas e a minha era de garantir o ônibus pra Barra, eu não podia sair pra comprar algo e ainda voltar e garantir o mesmo ônibus, acabei tentando relaxar – claro, na medida do possível - afinal, nada poderia ser feito.

A Av. Niemeyer (que tinham dito que só reabriria em 15 dias), por incrível que pareça, estava aberta! O ônibus passou livremente por lá. Agradeci a Deus mais uma vez!
Depois, um transitozinho em São Conrado e na Barra. Cansadérrima, com fome, frio e nervosa, rs, cheguei às 19h27 no local do lançamento do livro do Salomão! Muito – mas muito – graças a Deus!

E aí começava – mesmo que o corpo já estivesse exauuuusto – um dos dias mais especiais da minha vida (dentre tantos que passei justamente com o Salomão).

Ele muito se emocionou quando viu tantas pessoas que estavam o prestigiando... Depois, ficou empolgado e feliz pela fila de autógrafos que se formou. (fila que não cabia na loja, de tantas pessoas que estavam lá!)

Quando o amigo e cantor angolano (Abel) começou o show, fez uma homenagem linda linda linda ao Salomão, falando um pouco dele, falando do muito da sua coragem, fé e seu excelente humor! :)

Um momento i-nes-que-cí-vel ! Um dia que vai ficar marcado pra sempre no meu coração!
E quando eu pensava que já tinha visto de tudo, meu padrasto (que estava a caminho mas ficou preso mais de 1h na Linha Vermelha) me ligou dizendo que tinha acabado de ver passar um ônibus da Casa do Menor (instituição do Salomão) cheio de crianças! Aquele ônibus ia pra lá! Pro lançamento do livro do Salomão! Desliguei o celular sem palavras... Sabe quando a gente não se dá conta do tamanho de tudo de alegre que está acontecendo??!!! Meu Deus! Como agradecer por aquilo tudo??!!

Como num conto de fadas, num piscar de olhos, rapidamente chegaram as crianças. Todas embaladas no show – excelente – do Abel, numa harmonia incrível entre elas e os adultos que não paravam de cantar e bater palmas. Umas crianças dançavam como se estivessem em Angola! Outras, acompanhavam tudo com os olhos vidrados naquela noite incrível (todas sentadas em “perninhas de chinês”).

Eu não sabia se batia fotos, se filmava, se rendia a Ana Eliza no caixa, se eu lembrava de ao menos beber água, se acompanhava as crianças, aquela cena toda, o Salomão surpreendidíssimo com a fila de autógrafos que não se acabava...! Tudo bombando!!!
Até que... a noite chegou ao fim. E por mais que eu estivesse tão cansada, eu não queria que ela tivesse chegado ao fim! Tava tão bom!!! Nem festas de aniversários e viagens maravilhosas nunca me deram tanta dó de ter chegado ao fim como aquela noite do lançamento do livro do Salomão!

Meu corpo (moído) e meus pés descalços (já há muito tempo) transbordavam a alegria que eu trazia no peito.

Uma retrospectiva de novembro de 2009...
No ano passado, quando o Salomão foi internado às pressas, em 27 de novembro, com a pior hemorragia que existe, nunca ninguém poderia imaginar que ele viveria tudo o que ele viveu na noite de lançamento do seu livro em 8 de abril de 2010.
Na época dessa internação, quando eu vi aquele menino prostrado, sem cor, fraco, sem abrir o olho, sem força pra escrever nada nada... eu nunca ia supor que ele ia realizar o sonho desse livro.
Quando saí do INCA e cheguei em casa, chorei – incessantemente – triste por não ter conseguido fazer com que esse livro saísse antes de ver o Salomão daquele jeito.
No fundo, eu não conseguia acreditar que ele morreria sem ver esse dia chegar. Como era um dia de semana e eu trabalhava normalmente e ainda por cima estudava à noite (e em época de provas), me dediquei nas madrugadas para revisar tudo o que ele havia escrito. Tudo tudo tudo: escritos que não tinham capítulos, textos que se repetiam, palavras em “africanês” que precisavam de tradução, erros de digitação, concordância... tudo tudo. O que eu não agüentava de madrugada, continuava na hora do meu almoço, quando comia correndo e voltava pra mesa e botava um fone nos ouvidos (escutando A-Ha, pois se fosse música em português me distrairia, rs) e lia palavra por palavra, a-ten-ta-men-te, pedaço por pedaço daquele livro, tentando ver a coerência dos textos, as ordens dos textos, todo detalhe que precisava emendar e que estava tão solto.
Graças ao esforço da amiga Edilene que insistiu com um monte de gente do trabalho dela que sabia mexer com programas de edição e graças às idas dela até em sapateiro pra tentar colar aqueles 15 livrinhos iniciais, a primeira prova do livro do Salomão saiu em tempo recorde (4 dias) desde que eu comecei a fazer toda a revisão e montagem. Aí, como um exato remédio que faz reanimar qualquer doente (mesmo em delicado), a palhinha desse sonho do Salomão em suas mãos foi o suficiente pra fazê-lo começar a sair daquele estado! Logo no dia seguinte que ele pegou em suas mãos uma mostra do que seria seu livro (mesmo ainda com hemorragia, em estado gravíssimo, sem conseguir se comunicar, escrever, sem conseguir quase enxergar a beleza da sua obra), ele já começava a tentar sentar e voltar a escrever (sua única forma de comunicação).
Ver essa primeira prova do livro fez com ele desejasse viver um dia de lançamento (através de uma editora) e, inclusive , o animou para que se reerguesse de todo aquele quadro seríssimo e de todo aquele sofrimento que enfrentava. Nesse dia, não me aguentei de emoção quando ele ainda tentou me escrever que esse dia do lançamento ia chegar e que eu seria sua empresária quando ele ficasse famoso! Quanto bom humor, quanta esperança, quanta vontade de lutar! Vê-lo prostrado naquela enfermaria e imóvel e sem cor, era como se fosse impossível imaginar que esse dia de sonho iria chegar!

“Deus está perto daqueles que O buscam de todo o coração.” (Salmo 145, 18)
Se o Salomão não buscasse confiar em Deus, não teria tido forças pra lutar mais uma vez (e dessa vez, uma luta tão violenta).
Se o Salomão não fosse a pessoa cheia de fé e de perseverança que ele é, não surpreenderia médicos todos os dias, quando eles dizem que nunca viram nada igual e que não entendem por que ainda não perdemos o Salomão.
Eu entendo! É muita vontade de viver! É muita fé, muito ânimo e muita vontade de fazer a diferença, de viver intensamente, de deixar um legado...! Que coisa especial...!

No dia do lançamento, recebi um torpedo assim: "Olá maninha qerida td bem, hje é o dia do sonho q foi sonhado ao longo do tempo. Obrigado p sua e voca e dedicações. bjos. ate mais logo."
E sexta, quando finalmente cheguei em casa e sorri chorando, feliz feliz feliz por tudo o que Deus permitiu que acontecesse e que fosse realizado, fiquei pensando que nunca vou poder retribuir a tudo o que Deus me dá, tudo o que Ele me faz sentir, tudo de pleno que é a fé, e que os pensamentos Dele são infinitamente maiores dos que os meus!!! (ref. Is. 55,9)

Quando acordei na sexta e recebi um serviço de “frase do dia” no email, me deparei com essa aqui: “Se Jesus nos faz assim felizes na Terra, como será no Céu?" (Pe. Pio de Pietrelcina).
Abri um sorriso largo..............!!!!!!!! Era a mais pura verdade...!!! E quer saber? “Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria. Isso, pra mim, é viver!” :D

O meu muito obrigada...

* A Deus;
* Ao meu amado irmãozinho Salomão;
* Aos meus pais que abraçaram sempre toda causa do Salomão junto comigo e à minha vovó de 90 anos que mês passado se internou e ficou no CTI mas não perdeu essa noite mesmo tendo que andar de carro mais de 4hs até que minha mamãe encontrasse uma forma de sair de Campo Grande e chegar à Barra (por causa das vias interdidatas por causa das chuvas);
* Às amigas patrocinadoras (Ana Eliza, Edilene, Mari Mend, Mari Máximo e Nilcelene) - em especial à Ana Eliza e Edilene que tiveram a iniciativa de tomar a frente quando eu já estava "pelas tabelas" e me ajudaram muito com tudo do livro, (eu não conseguia mais seguir com essa missão sozinha). Deus as abençoe muito!
* À Beth (diagramadora que não pertence à editora) que nos ajudou tanto - gratuitamente - para que fosse possível adiantar o trabalho da editora!

E o meu muito obrigada também a todos que atravessaram estradas, pontes, atalhos, túneis e tantas coisas que embolaram o Rio nessa semana dificílima de se locomover. Muito obrigada por tudo o que vcs superaram (além do trânsito, tbm o cansaço daqueles que trabalharam o dia todo)! E eu bem sei o que é isso! :)

Quanto aos que ainda desejam comprar o livro (pessoas que não foram e pessoas que querem comprar mais livros), por favor, não escrevam/encomendem pra editora, pois ainda temos livros pra vender! Foi um sucesso sim o lançamento e foi muito melhor do que poderíamos imaginar! Mas como a quantidade de livros é grande, então, ainda temos livros pra vender, portanto, por favor, comprem conosco, escrevendo para salomaoevida@gmail.com.

Muito obrigada, pessoal ! Esse livro realmente tá demais!

Um beijo enorme e MUITO FELIZ!
Fiquem com Deus!

Seguem 2 mensagens muito especiais para compartilhar com vcs. As 2 foram enviadas por padres que cuidaram do Salomão em Angola e que se encontram na Argentina nesse momento. Um deles (Pe. Horácio) estava tentando vir para o lançamento!

1) Mensagem do Pe. Horácio:

oi Luiza eu tentei me comunicar com salomao estes dias e nao consegui, tentei tambem preparar a viagem e nas ultimas duas horas nao recebi uma tradução juramentada de um documento que estava esperando e assim nao posso viajar, me da muita pena porque considero salomao como meu filho e meu irmão, na fe e na vida, e a alegria dele é minha alegria, a vitoria dele é um bem para todos nos. quero dar graças a Deus por Ele,por sua fe,sua luta sua fortaleza, seu exemplo e por todas as lições de vida das quais humildemente somos herdeiros.dou graças por cada um de voces que colocaram em salomao um gesto de solidariedade e estao dia a dia sendo referencia ,sendo familia, conformando neste lançamento um ato Historico digno de ser transmitido e lembrado por todas as pessoas do mundo inteiro.neste dia tao especial para todos chegue ao salomao e a todos voces o meu sincero abraço, e minha eterna gratidão.Padre Horacio


2) Mensagem do Pe. Pablo:

Muitas felicidades e parabens por todo o que voces tem conseguido atingir neste amor incondicional ao Salomao Adriano.
Certamente, é um grande motivo de orgulho e satisfaccao ver como a luta pela vida sempre da os melhores e verdadeiros frutos em abundáncia.
Justamente neste bonito tempo da Pascoa do Senhor resucitado temos a alegría de partilhar a alegría do Salomao o que é uma prova contundente de que o Senhor também resucitará em todos os outros casos dos pequenos que lutam e sofrem. (uma referência aos meninos de Angola)

Mando todo o meu amor de pai a este filho tao amado e maravilhoso que é um motivo de grande orgulho e felicidade para todos nós e para todos os que amamos na África.
Padre Pablo José.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.