quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Uma noite especial... (28 de Fevereiro de 2012)


Quando vi que não consegui sair do trabalho cedo, ainda pensei em desistir. E quando estava no ônibus acompanhando o passar da hora, ainda pensei “Será que faz sentido eu fazer isso mesmo? Será que não é muito sacrifício pra uma coisa que eu poderia fazer em casa?”

Cheguei sem muita pretensão e com pouca ansiedade.

Desde o meu segundo tombo que acho que Deus vem me puxando a orelha pra aprender a andar mais devagar na rua e não correr pra chegar nos lugares.

Tenho aprendido a ver como uma forma de confiar mais no que Ele pode fazer do que no que eu posso fazer.

Depois de uma peregrinação para sair do Centro da cidade, lá estava eu, na porta da Igreja. O relógio marcava – pontualmente – 19h30. Agradeci a Deus por ter chegado a tempo.

Perguntei a um rapaz que estava no meio da multidão ali fora: “O que estão fazendo essas pessoas aqui? Vai terminar alguma missa e estão esperando pra entrar pro Terço?” No que uma senhora respondeu: “Não. Estamos aqui pro Terço mas não dá pra entrar mais ninguém.”

Sorri sem graça.

Só sei que, logo depois do meu sorriso sem graça e me conhecendo como me conheço, sabia que não teria a mesma atenção se ficasse ali fora. Perseverantemente, fui pedindo licença e fui passando pela rampa – lotada de gente!! – pra ver até onde eu conseguia ir. Parei lá pela metade da rampa (uma rampa inclinada).

Pensei, ainda com pouca fé: “O negócio deve ser bonzinho mesmo...”

E ouvi alguém chamando “Luiza! Luiza!” E fiquei pensando como – no meio de um lugar hiper lotado e com pouca iluminação – alguém estava me vendo. E mais: no meio de tanta gente, será que só tinha eu de Luiza?

Mas era eu mesma! A Vivi – que estava fazendo aniversário e tinha me dito que iria lá – tava perto de onde eu estava mas ela estava encostada na parede da rampa, onde havia como apoiar a minha bolsa. Adorei ! Com certeza eu me concentraria melhor sem peso.

[[ Agora vejo o quanto já foi um dos primeiros mimos de Deus nessa noite. ]]

Diferente de como eu imaginava, tudo começou com um louvor.

Depois, uma reflexão rápida sobre o sentido da Quaresma e os efeitos também.

Uma oração, algumas intenções e... começamos o Terço.

Vi, perto de mim, pessoas sentando no chão mas o que mais me chamou a atenção é que eu – tão adepta a sentar no chão se não tiver outro lugar pra sentar – não tive nenhuma vontade de fazer o mesmo. De alguma forma foi como se, estando em pé, eu me distrairia menos. E assim foi.

[[ Mais um mimo de Deus, não me deixando abater com algo que sempre me abate! ]]

O Primeiro Mistério foi uma lavada na alma. E quando acabou, veio o detalhe da oração e de mais um louvor.

Como é bom misturar um apanhado de coisas tão boas que podemos entregar a Deus! Com certeza, muito pouco em vista do tanto que Ele faz por nós! Mas... ainda assim, sentia no meu coração que muitas pessoas ali estavam dando o seu melhor. Vi inclusive, pessoas muito humildes. Um senhorzinho espremido do lado direito da rampa que dava pra um jardinzinho e orando com seus olhos fechados e as mãos bem agarradas ao terço que ventava meio às plantinhas do jardim.

Também vi pessoas muito finas. Vi meninas jovens – também com um estilo mais sofisticado – e fiquei feliz em ver a oração delas, a dedicação àquele momento.

[[ Num mundo em que estamos tão acostumados em ver mais fé naqueles que nada têm, Deus me mostrava o quanto Ele tinha pra dar para aqueles que têm muitas coisas mas desejam ter mais de Deus. ]]

Vi essas meninas chorarem como crianças e orarem como mulheres!

Eu estava vivendo, sem dúvida, um momento rico demais. Um Terço mais que especial. Um Terço com o carinho da presença de santos e anjos que passeavam em nosso meio, segundo à fé nas palavras do Pedro Siqueira em suas revelações.

(Àqueles que se questionam sobre revelações e profecias, segue um trechinho da Bíblia no anexo deste email, na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 12)

E foi assim, num Terço que não tenho palavras pra descrever porque é tão profundo, que eu saí mais apaixonada pelo sentido da minha fé.

Peguei o ônibus de volta pra casa lembrando de quando estive em Fátima (Portugal) e eu era tão descrente de algumas intercessões em nosso favor. E lembrei que, como num milagre, Deus me fez observar pessoas que passavam por mim de joelhos: homens e mulheres orantes, pedintes e com certeza gratos, por alguma razão.

[[ E lembro que, a partir desse dia, martelava em meu coração a clareza do quanto é bela a fé.

Aquela fé gigante.

A fé que é quase que nada de raciocínio e tudo de amor. ]]

“Tudo é nada, e menos que nada o que se acaba e não con­tenta a Deus.”
(Santa Teresa de Jesus)

E a fé é isso mesmo:
Inexplicável,
Sobrenatural,
Misteriosa.

Se não, não seria fé.

“A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. (...)Para se achegar a Deus é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram.”
(Hebreus 11, 1 e 6)

Acho que saí desse Terço me sentindo como mãe de uma filhinha: mãe da minha fé! Responsável pelo desempenho da minha fé! É como se, pro meu próprio bem, fosse viável alimentá-la – a partir de hoje – com todas as coisas boas que eu puder! Sejam orações, leituras, posturas...Com todas as coisas que a façam crescer! Todas as coisas que façam a minha fé mais fortalecida, mais nutrida, mais inabalável... a façam maior!

Um dia me perguntaram: “Mas por que sacrificarmos coisas na Quaresma se Jesus já viveu todos os sacrifícios por nós?”

Eu não tenho resposta pra tudo. Apenas respondi que temos sim o livre arbítrio de vivermos voltados para nós mesmos e não nos sacrificarmos com coisa alguma. Porém, não vejo muito sentido em sermos paparicados pelo Pai do Céu sem que saibamos abrir mão um pouquinho de tantas coisas e hábitos que temos e que talvez não faça o coração Dele tão feliz...

E ter esse sentimento tão claro no meu coração é pura questão de fé!

Ver que – justo na dor – é quando mais amadurecemos e somos moldados...

Numa outra ocasião, decepcionei uma pessoa muito querida, por falar coisas verdadeiras e que ela tinha pedido minha opinião. Pedi desculpas por ter sido tão verdadeira e citei o exemplo de Deus que, nos ama tanto a ponto de permitir que vivamos alguns sofrimentos e tantos e tantos obstáculos não para o nosso mal mas porque o Pai que muito ama também muito corrige, muito ensina... e nem sempre vai poder passar a mão na nossa cabeça. Isso não nos prepararia pra vida. Não nos prepararia para o mundo...

E acrescentei a ela: “Foi por amor que eu falei. Eu poderia falar o que você queria ouvir porém, isso não seria querer seu bem. Isso não seria amar você.”

E me pego pensando no quanto somos “doutrinados”, nos dias de hoje, a sermos cômodos, racionais, espertos e egoístas.

A gente se dispõe a tantas dores... Tantas dores que já são previsíveis e que, mesmo assim, a gente vai em frente!

São balas e doces que comemos mesmo sabendo que temos tendência à cáries e... lá vem a dor de dente (totalmente previsível);

São noites que passamos num show e chegamos em casa exaustos, já com o dia amanhecendo, sabendo que se temos tendência à dor de cabeça por falta de sono, teremos dor de cabeça! E... lá vem a dor de cabeça (de novo, totalmente previsível);

São noites em baladas, com salto alto que arde o pé de tanta canseira de ficar em cima dos saltos e... lá vem a dor na coluna no dia seguinte (claro, pra quem sabe que tem tendência a esse tipo de coisa);

São tatuagens bacanas, da moda, e uma mais bonita que a outra e... lá vem a dor no corpo e tantos remédios previsíveis, justo por causa da tatuagem;

São namoros que estão atestados que não vão dar certo mas mesmo assim, quantos de nós já insistimos, insistimos, insistimos até que... lá vinha a terrível dor da perda da Princesa ou do Príncipe Encantados, quando um dos dois via que não dava pra continuar...!

E fico pensando:

Por que a gente se dispõe a tantas dores e não agüentamos um Terço em pé, num dia de semana, num dia de trabalho, depois de um engarrafamento e etc?

Por que não compreendemos sacrifícios que vão nos ensinar a sermos pessoas melhores?

Por que questionamos tanto os planos de Deus quando, no fundo, sabemos que Ele sofreu as piores e mais fortes dores por amor a nós e não nos deixaria passar por nada que não pudéssemos suportar realmente?

Confesso que, cada vez mais, o que mais me deixa feliz é aprender a não questionar as coisas de Deus e nem ir à caça de explicações aos mistérios Dele.

“Creio para compreender e compreendo para crer melhor.”
(Santo Agostinho)

Porque só nos nutrindo de muita fé é que aprendemos a descansar no Seu colo e vemo-nos como seres humanos limitados.

Ele não quer que a gente saiba tudo...

...Ele quer ser o nosso tudo, pra sempre e sempre e sempre...

Amém!

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