domingo, 15 de novembro de 2009

ENTREVISTA: Voluntários Embratel

Abril de 2006!

Voluntários Embratel - Como você conheceu a Sonhar Acordado?

Luiza Oliveira Belotti -
Essa é muito boa! rsrs... Eu sempre procurei muito por trabalho voluntário com crianças com câncer mas nunca consegui. Participei de muitas palestras no INCA mas quando me chamavam, era para fazer um trabalho em horário comercial, 3 vezes por semana. Aí... ou eu trabalhava ou eu ficava no INCA. Não podia deixar o trabalho e então, continuei na vontade do trabalho voluntário, mas sem saber onde poderia procurar oportunidades para fazê-lo. Um dia eu estava batendo fotos na Vista Chinesa (amo bater fotos de paisagens), um grupo de mulheres mexicanas estava visitando o local e me perguntaram se eu podia bater uma foto delas e enviar por e-mail. Eu disse que sim e no dia que fui mandar as fotos, perguntei por que elas estavam no Rio. Uma delas me respondeu que fazia parte de um trabalho voluntário fundado no México e elas estavam dando uma "força" aqui no Rio. Daí... foi só correr para o abraço! Foi a coisa mais oportuna que poderia me acontecer! Fiquei "muitão" feliz e na mesma hora trocamos telefones para eu ficar bem informada de quando seria a próxima atividade da ONG.

Voluntários Embratel - Como é o trabalho da Ong e qual seu principal objetivo?

Luiza Oliveira Belotti -
O Sonhar Acordado é uma ONG que abrange vários projetos, com diferentes focos. O único ponto comum é que todas as crianças assistidas pela ONG são crianças de baixa renda. Há projeto direcionado a crianças carentes (Amigos Para Sempre); há projeto que busca passar valores e humanização no ambiente em que as crianças vivem (SuperAção); há projeto que busca a formação de pré-adolescentes na área profissional (Preparando Para o Futuro); e há projeto direcionado a crianças com doenças crônicas (Sonhando Juntos).

Voluntários Embratel - Qual é o objetivo do Sonhando Juntos?

Luiza Oliveira Belotti -
O Sonhando Juntos tem como principal objetivo levar esperança, carinho e alegria às crianças que estão doentes ou em fase terminal. O trabalho começou com visitas a um hospital fixo mas esse hospital entrou em obras e os voluntários passaram a exercer as atividades numa Casa de Apoio do Rio de Janeiro. Chama-se Casa de Apoio a Criança com Câncer de Santa Tereza. No momento, as brincadeiras são realizadas com as crianças assistidas por essa Casa.

Voluntários Embratel - Como é sua participação na instituição?

Luiza Oliveira Belotti -
Faço parte do Sonhar Acordado de duas maneiras:

1) Sou coordenadora de Logística da festa de Natal anual da ONG, quando são reunidas as crianças de todos os projetos para uma grande festa com animadores, muitos brinquedos, muitas brincadeiras e muitos presentes. Para essa atividade, sou responsável por "correr atrás" de 1.200 presentes de Natal para todas elas... Para que aconteçam as festas de Natal, voluntários participam de uma reunião, previamente, quando são discutidos valores a serem transmitidos às crianças no dia da festa. Ao longo do evento, o voluntário pode falar sobre "carinho" ou "perdão" ou "amor" etc. São, aproximadamente, 1.200 crianças. Em outubro, todas essas crianças escrevem uma cartinha para o Papai Noel com opção de 3 presentes que elas escolhem de um catálogo que eu elaboro (esse catálogo existe porque tem que haver um limite de valor). As cartinhas são analisadas e distribuídas para os voluntários. Cada voluntário fica com, no máximo, 2 cartinhas e eles precisam tentar conseguir um dos 3 presentes escolhidos pela criança. No dia da festa de Natal, que geralmente acontece num lugar de grande espaço ou boa infra-estrutura, elas brincam, dançam, aprendem valores ao longo do dia e recebem, no final da festa, o tão desejado presente. É bem emocionante...

2) Sou voluntária do projeto Sonhando Juntos, cujo compromisso é quinzenal. Um sábado por mês é realizada uma reunião entre os voluntários e, no sábado seguinte, é realizada a visita às crianças. Como o objetivo do Sonhando Juntos é buscar "captar" um sonho pessoal da criança, a reunião entre os voluntários é primordial para definirmos a atividade que vamos trabalhar no próximo encontro com as crianças para despertar nelas o desejo de falar sobre seu sonho.

Voluntários Embratel - Como surgiu esta idéia de realizar os sonhos das crianças?

Luiza Oliveira Belotti -
Essa idéia de realizar sonhos pessoais foi que deu iniciativa à ONG. Tudo começou quando uma criança que tinha um grande desejo de ser bombeiro e estava com câncer, conseguiu passar um dia inteirinho no Corpo de Bombeiros, vestida como um bombeiro, com crachá de bombeiro e tudo mais. Participou de cada atividade e simulações de incêndio, entre outras coisas... O menino veio a falecer mas, mesmo muito doente, teve muitos grandes momentos de intensa alegria, por ter realizado seu sonho que, aos voluntários, foi possível correr atrás para realizar.

Voluntários Embratel - Quem são as crianças beneficiadas pelo trabalho da Sonhar Acordado?

Luiza Oliveira Belotti -
Crianças de baixa renda carentes (de abrigos da cidade) e crianças de baixa renda com doenças crônicas (de hospitais do Estado).

Voluntários Embratel - Quais são os projetos desenvolvidos pela Ong?

Luiza Oliveira Belotti -
Amigos Para Sempre - os voluntários criam um laço de amizade com as crianças, sempre transmitindo algum valor humano. Além disso, eles fazem atividades culturais com as crianças, tais como idas a museus, teatros, cinemas, etc.

SuperAção - atividades em comunidades, instituições ou colégios, sempre levando valores contribuindo com a humanização do ambiente em que as crianças vivem. Os voluntários trabalham junto a profissionais especializados (educadores, recreadores ou profissionais da área de saúde).

Sonhando Juntos - os voluntários transmitem alegria, esperança e muito carinho e amor a crianças de baixa renda que sofrem de doenças crônicas. Além disso, em cada brincadeira os voluntários tentam "pescar" uma pista do que a criança sonharia em ser ou em ter, para que o sonho seja realizado.

Preparando o Futuro - busca contribuir com a formação de pré-adolescentes tanto no ramo profissional. A orientação acontece através do programa de Aprendizado Mirim, trabalhando para que o pré-adolescente esteja preparado o início da sua vida no mercado de trabalho e na vida.

Voluntários Embratel - O que deve fazer quem quiser ajudar ou participar da Sonhar Acordado?

Luiza Oliveira Belotti -
Além de o voluntário poder escolher o projeto com o qual mais se identifica, também há outras opções:

1) Os voluntários que não podem assumir um compromisso quinzenal com nenhum dos projetos, pode participar de uma festa anual, que se chama Dia do Sonho. Para este evento, são reunidas as crianças de todos os projetos para uma grande festa com animadores, muitos brinquedos e muitas brincadeiras. O último Dia do Sonho aconteceu na Casa de Festas Praticar, dentro do condomínio Rio Mar, na Barra da Tijuca. A área de lazer era imensa, com muitos campos, muito espaço para os brinquedos infláveis, espaço para o palco, muitas árvores e todas as outras infra-estruturas necessárias como banheiros, cozinhas, balcões que ofereciam grande variedade de lanches e etc. Essa festa acontece sempre, no mês de junho. Esse ano vai acontecer no dia 3 de junho, de 09:00 às 15:30.

Além dessa festa anual, também acontece em dezembro, a Festa de Natal. A última aconteceu no Circo Voador. Possui a mesma infra-estrutura e os mesmos objetivos da festa do Dia do Sonho. A diferença é que tem presença de Papai Noel e as crianças ganham o tão esperado presente que escolheram e pediram na cartinha do Papai Noel. É muito emocionante!

2) Outra maneira de o voluntário participar, é fazendo qualquer doação para a ONG. Mesmo com patrocínios de algumas empresas, às vezes falta capital para tamanhas atividades... Para quem quiser ajudar a conta é:
Banco: Banco Itaú
Agência: 0272
Conta: 73427-8


Voluntários Embratel - Qual o principal retorno para quem, como você, se torna um voluntário?

Luiza Oliveira Belotti -
Posso dizer, com um sorriso largo e com a alma mais leve do mundo, que o retorno que os voluntários recebem é inesquecível. A cada valor que a gente transmite para alguma criança, a cada criança que fala um "Obrigado, tia!", a cada criança que abraça apertado ou pergunta por que a gente é feliz, é muita coisa que muda no nosso coração.

A primeira fase é quando a gente deixa de reclamar de muitas coisas que estamos habituados a reclamar e que constatamos, de cara, que é um absurdo resmungar por tão pouco.

A segunda fase é quando a gente passa a valorizar as coisas que menos valorizamos porque são muito comuns e óbvias pra gente: pão quentinho, uma cama confortável, uma família, um carinho, uma atenção, um sorriso, um abraço, um banho quente, poder andar, poder falar, poder enxergar... Por fim, em pouco mais de 1 ano no projeto posso dizer que me sinto completamente diferente (pra melhor!). Hoje eu sei viver o valor do perdão, da paciência e da doação de amor. Se alguém passa por mim e não fala, eu apenas sinto muito ao invés de guardar mágoa ou de maldizer; se alguém grita comigo e perde o controle, eu consigo manter a calma ao invés de responder; se alguém se irrita de tal maneira que xinga o trabalho e reclama que tudo dá errado nas suas atividades eu apenas agradeço a Deus porque aprendi a valorizar ainda mais o meu trabalho e posso entender, claramente, que problemas todos nós temos. A diferença é que muitas vezes damos muita importância pra eles quando, na verdade, há muitos maiores e, com certeza, muito mais graves.

Voluntários Embratel - O que você diria para quem deseja participar, mas ainda não sabe como começar?

Luiza Oliveira Belotti -
O primeiro passo é pensar no próximo. O que eu mais escuto das pessoas é "Não sei se eu agüentaria..."

Eu sou a pessoa mais sensível da minha família e a mais sensível do meu grupo de amigos a ponto de chorar com cena de novela ou se avistar um mendigo na rua. Mas, desde que comecei o trabalho, o meu objetivo era de fazer alguma coisa de bom por alguém. A partir do momento que eu me vejo naquela situação porque estou dando amor a alguém que é carente desse sentimento ou que recebe esse sentimento mas que precisa de mais, eu anulo as minhas fraquezas e me fortaleço para o meu semelhante (digno de carinho e de amor tanto quanto eu). Então... esse é o passo mais difícil mas também, o decisivo! Se as pessoas tiverem a noção do bem que estão fazendo, não há nada que as impeça de assumir esse compromisso! Os horários da agenda são adaptados e até a personalidade às vezes sensível demais, também é moldada.

E o melhor: além das crianças ganharem muito, os voluntários ganham em dobro! É uma grande troca de experiência, de valores, de sentimentos sinceros, de amizade e de uma linda lição de vida!


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