domingo, 15 de novembro de 2009

Erro médico - dezembro de 2006

Ela não está mais aqui. isso é fato.
Os olhos molhados, o calmante nas mãos, as pernas fracas e os abraços sem
fim... esses, não nos largam, não partem, não se despedem.
À minha querida tia, fica uma dorzinha aguda, de ter visto a terra preta,
quente e pesada, caindo sobre aquela que tomou nos braços.
A indignação vem do sentimento de apropriação de gente sobre gente. a
não-aceitação, o espanto, a rapidez do susto cruel, são conseqüências de
mãos que querem pessoas, querem tato, querem abraçar seres.
Quantos dias são vividos naturalmente... assim... por se tratar de uma
ordem ou de uma normalidade. Mal lembramos que essa lógica só se permite
acontecer porque houve a vontade do Criador. E este, o grande e único Autor
da Vida.
A cada dia que passa, a cada vida que fazia parte da minha e que já se foi,
mais forte eu fico, mais paciente eu me torno e de mais humildade me
alimento. Hoje em dia, qualquer um, com esforço, pode conquistar o mundo,
alcançar o sucesso, ler até encher-se de toda inteligência ----. Mas, até
aí, está Deus. Porque assim como as coisas são alcançadas (e o mérito está
além da nossa dedicação física), elas nos podem ser retiradas quando o
Grande Amor assim quiser.
E é por isso que as conquistas são boas, mas as conquistas de gente
(presentes de Deus) não são apenas boas. Elas são benditas, são preciosas,
são suaves e são belas.
Ele, que permitiu a gestação dos Seus filhos, lhes deu uma particualridade
de histórias e traçou, desde o centre, um plano de vida. Ele nos concedeu
pessoas que fazem parte da nossa história. E cabe a nós, a gratidão e a
valorização de cada uma delas, como se fosse a última vez, o último
instante, o último dia.
Conquistamos tantas coisas e, mesmo assim, há tanta pequenez dentro de
nós... a pequenez do perdão, da solidariedade, da compaixão...
É muito mais fácil se alimentar do que todo mundo se alimenta do que
degustar os sentimentos concedidos pelo Pai.
Porque Ele, perfeito e Pai da Vida, da mesma forma com que nos presenteou
pessoas, é também quem traça nossos dias e escolhe o momento de retornarmos
para os Seus braços.
Entender... a gente não entende. É uma sabedoria e um mistério que vai
aquém do nosso intelecto. Mas, por amor, a gente aceita. E isso é o melhor
e mais bem-vindo à alma: aceitar que somos descendentes do Criador. Que
nosso respirar, andar, sorrir... vêm dele, bem como cada querida pessoa
presente e cada querida pessoa que Ele acarinhou de volta.
A aceitação não vem a ser um prostrar de insensibilidade. Pelo contrário,
dói porque há e houve muito amor. Mas ao mesmo tempo que machuca, revigora
e acalenta, quando entende-se, somente pela fé, que quando Deus nos abraça,
aí é que passamos a sentir a paz.

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