domingo, 15 de novembro de 2009

Natal (2008)

18 de dezembro de 2008


A gente não tem tempo pra se doar, mas tem tempo pra aproveitar a liquidação das lojas. A gente não tempo pra visitar um doente mas tem tempo pro futebol, pro Fantástico.
Muitas vezes, a gente não tem tempo nem pra família, mas a gente tem reunião, churrasco, barzinho e muita pizza.
A gente não agüenta ver sangue mas se tem acidente na rua, todos querem ver.
A gente não suporta pensar na violência mas adora curtir um filme de suspense, de terror ou de luta.
A gente tem nojo de mendigo mas não tem nojo de pegar a batata frita com as mãos.
A gente tem medo de entrar numa enfermaria mas a gente não tem medo dos brinquedos dos parques de diversão.

O fato é que a gente ama muito a gente.
Quanto mais a gente ama a gente, mais a gente desama o outro.
E isso pode até ser natural agora mas, um dia, em algum momento, a gente se dá conta que tanta indiferença não é normal.
A gente se dá conta de que a "cafonice", a "tolice" de saber enxergar o próximo, alegra muito mais a alma do que uma longa tarde de sono...

Fico imaginando aqueles que viam a Madre Teresa de Calcutá passar e deviam pensar "louca, perdendo o tempo com isso". E hoje, que ela não está mais aqui, todos lembram como uma pessoa que fez a diferença e que sempre teve argumentos sábios porque tudo sempre foi amor. Talvez ela tenha tido uma "vida de gado", como diz a letra da música do Zé Ramalho, mas a letra também diz que essa gente que tem "vida de gado", é "povo feliz".

Então... fico eu vendo a proximidade do Natal e observando tantas contrariedades da gente nesse mundo.
A gente exige tanto de tudo e de todos e pouco pára para, pelo menos, refletir no que tem feito para que muito disso tudo seja muito diferente.

Talvez... talvez essa seja a hora de pensar nas nossas contrariedades e experimentar ser feliz servindo!
Talvez essa seja justamente a hora de deixar de gastar tempo com atitudes que só agradam a gente!
Talvez seja a hora de deixar o individualismo e olhar em volta. Vê! Muito mais sorrisos há em volta. E eles se multiplicam para dentro!!!

É justo o espírito do Natal: desfocar de nós. Focar no Cristo que nasceu, viveu, morreu e só se dá por e em amor.
É essa a verdadeira pérola de poder viver o Natal tal como ele é: um mistério e uma dádiva que alimenta a alma daqueles que experimentam ao menos uma vez, se diminuir para que o amor aumente mais. Aumente em atitudes, alargando o coração e propiciando pequenos e sinceros gestos e palavras, cheios de gratidão, generosidade, honestidade, perdão, alegria pura, pura paz... uma paz que só pode vir Dele: o verbo que se fez carne.
Aquele que justamente por ser o "Deus conosco", é o único que pode dar a paz que homem nenhum pode dar.
Aquele que prometeu a vida em abundância, contanto que vivêssemos Nele.
Aquele que nos faz experimentar o valor da doação e entender que não há como explicar. É só o sentir. O sentir sobrenatural que nos faz livres, contentes e prontos para desejar e viver o amor cada vez mais.
Não há nada que nos faça voltar. Fomos atraídos pela preciosa luz de Cristo e Seu incomparável coração.

Mas talvez... talvez... talvez, pra muitos (e de novo!), essa nem seja a hora ainda...
A qualquer momento o celular pode tocar e pode ser a festa, o bar, o cinema. É o "eu" que volta entrar em ação.
Nessa hora, muita gente pensa então: "Ah... deixa essa história de se doar, para depois...
Deixa que os meninos de rua virem traficantes.
Deixa que os indigentes padeçam (pelo menos não sou que estou padecendo!)...
Deixa que os miseráveis (que se corroem de dor), penem e se desfaleçam. Eles estão sempre aí.
E existe governo pra quê?"

É engraçado... a gente se desdobra pra ganhar uma partida de jogo.
Mas no jogo para ganhar, resgatar, conquistar valores humanos e valores de vida, ninguém anima de andar com a primeira peça.
E acaba ligando a televisão...
E tudo continua como sempre foi.

Uma pena... porque hoje já foi.
O que resta, é o futuro. Sabe-se lá como... pois todo amanhã é a simples conseqüência do que é plantado hoje.

E eu... eu já vou indo enquanto é presente!

Sigo com todo meu amor. E o melhor: amando cada vez mais, graças a Deus!
Porque amar também é saber ter esperança.
E a esperança alimenta a vida. E o amanhã.

Um beijo,
muito amor,
toda minha alegria,
e o melhor Natal do mundo, porque nele há todo sentido da vida!

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